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Arte, violência, selvageria e xenofobia na goleada do Galo

Menon

04/04/2013 12h34

O jogo entre o maravilhoso Atlético-MG de Cuca e o Arsenal de Sarandi teve, em generosoas doses, o que o melhor e o pior que o futebol pode mostrar. Vamos lá:

1) A beleza do maior de todos os esportes. Ronaldinho Gaúcho foi o condutor do Galo, com passes perfeitos e velocidade na chegada ao gol adversário. Fez um gol de antologia, muito mais bonito do que aquele contra a Inglaterra em 2002, quando ficou a incerteza se ele queria mesmo ter enganado o goleiro Seaman ou apenas cruzado a bola na área. Ontem, não. A cavadinha foi perfeita, maravilhosa, típica de um representante do país que consegue dar ao futebol o status de arte. Além do gol de Ronaldinho, houve o de Benedeto, uma cobrança de falta tão fote que a bola nem girou. Foi direto para o gol de Vitor. E o gol de Alecsandro, nos acréscimos, também um chute de longe, muito bonito.

2) A Argentina deu ao mundo Alfredo Di Stefano, Diego Maradona, Lionel Messi, sem contar Mario Kempes, Fernando Redondo e mais uma série imensa de jogadotes de altíssimo nível. Infelizmente, outros menos dotados, preferem imitar Carlos Monzon, Oscar Bonavena ou Maravilha Martinez. Optam pela  violência ao futebol. Como não sabem jogar em alto nível, preferem chutar canelas à bola. Foi o que fizeram ontem, contra o Atlético, que reagiu.

3) O policiamento, em qualquer evento esportivo, tem a obrigação de mater a paz e a ordem. Com dureza, se necessário, mas sem contato físico. Não foi o que fez a PM. Durante a discussão com os jogadores do Arsenal – que nem deveriam estar protestando – um policial chutou. Deu um pontapé, como se estivesse tratando com um marginal. O que, aliás, também não é correto. Os argentinos reagiram. Corretamente. Não se pode levar um pontapé e ficar calado. Foram corajosos.

4) Quando entraram no vestiário, os jogadores do Arsenal perderam a razão. Ao iniciarem um quebra-quebra irracional, abriram espaço até para serem autuados e processados por depredação de patrimônio alheio. 

5) Durante a briga o comentarista Edinho, ex-jogador de sucesso, ex-técnico fracassado e ex-empresário sem adjetivo, mostrou todo seu ódio aos argentinos. Disse que era errado "atiçar" argentinos  porque eles reagem com violência. Parecia estar falando de cachorros ou algum outro tipo de animal. Repetiu que argentino só sabe usar violência, só sabem fazer isso aí, repetia, quando a tela mostrava a briga. Disse que um argentino havia começado tudo ao agredir um policial, mesmo quando o replay mostrava que foi o contrário. Mesmo corrigido por Luiz Carlos Jr, continuou exalando sua ignorância e xenofobia.

6) Houve ainda o questionamento de Luiz Carlos Jr. a Ronaldinho Gaúcho sobre a comemoração imitando um tiroteio. É uma pergunta pertinente, mas que leva a outra contestação: e a programação da Rede Globo, é boa? BBB pode?

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.