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Ceni merecia a vitória. E a vaga

Menon

18/04/2013 00h21

Rogério Ceni não merecia deixar a Libertadores da forma vexaminosa que os cinco primeiros jogos anunciavam. Seria, independentemente da torcida de cada um, ver um grande jogador deixar o torneio que sua torcida ama, assim, sem brilho, sem alegria, sem nada.

No futebol não tem essa de merecer. Nada vem de graça. Não se analisa o passado de cada um para definir se é justo ou não. Nada impediu a triste participação de Ronaldo na Libertadores, por exemplo, eliminado por um Tolima que será lembrado apenas por isso.

Nada livraria Rogério Ceni da eliminação. Apenas uma grande atuação do seu São Paulo. E ela houve, comandada por ele. Rogério, que estava falhando – e que vive muito possivelmente seu último semestre no futebol – foi perfeito. Discreto, como sempre, esteve presente quando necessário. E cobrou um pênalti de maneira fantástica, lentíssimo, coisa de quem tem confiança enorme no taco. Na sua técnica.

Rogério, um sujeito talentoso e cdf – combinação que causa muita inveja – está no jogo. Está no mata-mata. Está onde gosta. E onde merecia estar.

Foi uma vitória conseguida a partir de atitudes e situações que o time ainda não havia mostrado. Não é apenas raça, muita vontade de jogar, mas também uma qualidade técnica surpreendente de seus zagueiros e de seus volantes.

Lógico que não tivemos dois Beckenbauers e dois Redondos em campo. Não é isso. Mas Lúcio e Tolói foram muito bem no alto, um dos pontos fracos da defesa do São Paulo nos últimos tempos. E os dois volantes também surpreenderam. Marcaram muito bem Ronaldinho e ainda chegaram ao ataque. Não faziam isso há tempos.

Mesmo jogadores muito frágeis tecnicamente, como Carleto e Aloísio, estiveram bem. Ligados em campo. No primeiro tempo, o São Paulo dominou sempre com Osvaldo, pela esquerda. Era um time de uma jogada só. Cuca conseguiu reagir ao colocar o volante Serginho para marcá-lo, livrando Marcos Rocha do baile que estava levando.

No segundo tempo, o São Paulo veio com Osvaldo na direita, para infernizar a vida de Richarlyson, que já tinha amarelo. E Cuca colocou Alecsandro no lugar de Luan, para segurar mais a bola na frente e impedir o ritmo forte do São Paulo. Quando o São Paulo fez o primeiro gol, com Ceni cobrando o pênalti de Leonardo Silva em Aloísio, após passe perfeito de Osvaldo, Cuca reagiu.

Ele tirou o volante Serginho e colocou Neto Berola, um atacante, pelo lado direito. O São Paulo recuou e passou a ser dominado. Passou a apostar em um contra-ataque que definisse o jogo. Eu acho que Cuca abriu o time muito cedo, ficando um pouco exposto. A pressão aumentou com a entrada de Guilherme no lugar de Leandro Donizete. E, se a pressão aumentou, o espaço para um contra-ataque também.

Ele veio com um passe lindo de Ganso para Osvaldo, que, naquele momento do jogo, estava muito recuado, marcando Richarlyson. Quando recebeu o passe, atacou com velocidade e deu o passe perfeito para Ademilson, que havia entrado no lugar de Aloísio.

Agora, os dois gigantes vão se enfrentar no mata-mata. Foi o que esse São Paulo, sem Jadson e sem Luís Fabiano, esse São Paulo de Paulo Miranda, Carleto e Aloísio conseguiu.

Um presente para Rogério Ceni. Ele merece mais do que ninguém

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.