Topo

Menon

Lusa quer técnico gaúcho e seis reforços para não passar susto no Brasileiro

Menon

23/04/2013 06h00

Na sexta-feira, dia 19, Roberto Santos, vice-presidente de futebol da Portuguesa, viajou para a China, onde trataria de negócios particulares. Seu time era líder da Série A-2 do Paulista, com seis pontos. Ao descer do avião, viu muitas mensagens no celular. Eram amigos falando sobre os 7 a 0 que a Lusa havia sofrido para o Comercial. Pensou que fosse brincadeira, algum tipo de trote. Só acreditou quando viu que uma das mensagens era de sua mulher.

Roberto chegou ao hotel e ligou para o Brasil. Conversou com Candinho, gerente de futebol do clube e definiu a demissão de Péricles Chamusca. Pediu também que a saída de Marcelo Cordeiro, ex-capitão do time, fosse apressada. E pediu agilidade em novas contratações. Ele quer a Portuguesa sem sustos e, no mínimo, entre os dez primeiros do Brasileiro. Para isso, definiu até um estilo de jogo para o time.

"A Portuguesa vai ser aguerrida, com muita marcação e velocidade. Queremos um time pegador, de luta e que perca o mínimo de pontos possíveis no Canindé. Já estou conversando com dois treinadores gaúchos. Quero fechar rapidamente com um deles", disse.

A demissão de Chamusca não foi pelos 7 a 0, garante Roberto. "Ainda durante o campeonato a gente percebeu que o Chamusca não tinha pegada para aguentar uma Série A do Brasileiro. Os jogadores estavam insatisfeitos com ele e no dia em que a vencemos o Capivariano por 1 a 0, ele trocou um atacante por um volante e ficamos o tempo todo lá atrás. Eu pedi para o Candinho demiti-lo após o jogo, mas ele preferiu esperar. Aí, teve o desastre e não seguramos mais".

O novo treinador terá um grupo diferente para trabalhar. "Do atual elenco, vamos manter em torno de 70% e trazer gente nova. Vamos ter um goleiro, um lateral-esquerdo, um volante, um meia cerebral, não temos isso desde que o Marco Antonio saiu e dois atacantes, um mais centralizado e outro que jogue mais pelos lados".

Para Roberto Santos, a ordem é não passar sustos no Brasileiro. Ele se lembra de fracassos recentes que vieram por falta de planejamento. "No Paulista do ano passado, quando nosso goleiro Weverton acertou com o Atlético-PR, o Jorginho o afastou do time e colocou o Rodrigo Calaça. Então, o time caiu. No Brasileiro, o time não correu riscos até o Bruno Mineiro se machucar. Então, foi difícil o reserva manter o mesmo nível e a gente ficou lá embaixo. Não queremos mais isso, vamos ter um elenco equilibrado", diz

Como todo dirigente, Roberto não diz o nome de quem será contratado. A única dica é "um atacante chileno que joga no Caracas". Mas garante que todos estarão no clube no início de maio. "Vai estar tudo fechado até dia 4 ou 5. E vamos ter uns 20 dias de muito trabalho para acertar tudo. Planejamento pode não dar certo, mesmo em empresas às vezes não dá, mas a torcida pode ter certeza que vai haver um planejamento, vai haver profissionalismo".

O título da Série A-2 vai ser perseguido, mesmo com alguns torcedores considerando que se dedicar muito nos últimos jogos, após a conquista do acesso, apenas irá atrapalhar o trabalho para o Brasileiro. "Não acho que atrapalhe, não. E há um prêmio de R$ 150 mil para o campeão. É mais que os R$ 112 mil que a Federação deu para cada clube participante. Pode não ser muito, mas vamos correr atrás".

Dinheiro é um problema terrível para a Portuguesa. Roberto se queixa dos altos custos da Série A-2 e calcula um prejuízo de R$ 5 milhões para os cofres do clube. "Gastamos com viagem, hospedagem e alimentação. É muito deficitário. Se estivéssemos na A-1, receberíamos R$ 3 milhões da Federação, a diferença é muito grande".

Ele jura que os salários não estão atrasados e conta com a verba da televisã para montar o time. Ela gira em torno de R$ 20 milhões, o que seria, em tese, suficiente para montar um time competitivo. Mas, há problemas. "A Portuguesa e muitos outros clubes não recebem mais nada da parte social. Não há mais sócios. Nós temos uma receita do marketing, que estamos melhorando, as rendas são pequenas e tem um pouco também da festa junina. Então, se você pegar R$ 20 milhões e gastar só no futebol, montando um time de R$ 1,5 milhão por mês, como é que fica o clube? Não é só o futebol, tem de ver o resto também".

Então, não dá para ter um time de R$ 1,5 milhão por mês? "Não dá para ter. Mas tem que ter. E vai ter. Esse ano, queremos chegar na Sul-americana".

Vamos esperar, então, por essa Lusa gaúcha.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.