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Não houve milagre de San Isidro em Madri. Borussia na final

Menon

30/04/2013 18h12

A imponente catedral de Santa Maria Real de Almudena, com 73 metros de altura e 102 de comprimento, em Madri, deve ter recebido muitos torcedores do Real durante a semana. É lógico que confiavam em Cristiano Ronaldo e muitos outros, mas não custava um pedido a San Isidro ou Nossa Senhora e la Almudena, alvos de tanta devoção entre os espanhois. Pediam por um 3 a 0 contra os alemães do Borussia Dortmund. Pediam por um milagre.

Não houve milagre em Madri. Houve, sim, um jogo espetacular. O Real venceu por 2 a 0 e ficou a um gol da passagem para a final da Liga dos Campeões. Pela terceira vez seguida foi eliminado na semifinal. A reação começou tarde e já há um alemão na final, dia 25 de maio em Wembley. O outro pode confirmar presença hoje. A não ser que São Jorge, padroeiro da Catalunha seja mais competente que San Isidro e, auxiliado por Lionel Messi, leve o Barcelona ao milagre de descontar a vantagem de 4 a 0 que o Bayern de Munique conseguiu no primeiro jogo.

O jogo começou com domínio total de Real Madrid, com quatro escanteios em sete minutos. Não é torneio início, como dizem os cínicos, mas é indicativo de um domínio que não foi transformado em gols porque o goleiro Roman Weiddenfeller não deixou, com duas defesas espetaculares.

Com 13 minutos, o Borussia perdeu Goetze, seu jogador mais talentoso e o domínio do Real cresceu. Se, olha o se aí, Ozil não perdesse a chance que teve aos 14 minutos, as coisas poderiam ser diferentes. Mas não foram. Domínio sem gols é, quase sempre, prenúncio de desânimo ou desacertos. O Real não desanimou mas começou a errar mais do que o normal. Permitiu que o Borussia pudesse respirar, se recompor e equilibrar o jogo. O primeiro tempo terminou com a torcida do Borussia cantando e calando o Bernabeu.

O início do segundo tempo foi surpreendente. Todos esperavam a pressão do Real mas quem marcou a saída de bola foi o Borussia. Os alemães dominaram a partida e tiveram chances reais de marcar. Mourinho reagiu e partiu para o ataque. Colocou Di Maria aberto na esquerda, em lugar de Fábio Coentrão, e Kaká entrou. Benzema foi para campo e Higuain foi para o banco.

Eles entraram com 13 minutos e não foi imediata a mudança de jogo. Demorou talvez dez minutos e a partir daí, o Real massacrou o Borussia. Varane e Essian ficaram na defesa. Sergio Ramos virou meia, juntamente com Ozil e Kaká. Modric, pela direita, Di Maria pela esquerda, Benzema na área, Cristiano Ronaldo também.

Kaká, que entrou bem, iniciou a jogada que resultou no primeiro gol, de Benzema. Faltavam sete minutos. Sergio Ramos fez o segundo, como centroavante. Faltavam dois minutos. E mais cinco de acréscimos. Escanteios, chutes, bolas travadas, o jogo se transformou em uma luta por espaços. Os alemães, comandados por um incrível Matt  Hummels, resistiam como se aquela área pequena fosse uma embaixada alemã em Madri. Um pedaço da Pátria correndo riscos.

Cinco minutos. E mais um. E o brasileiro Felipe Santana faz um lindo desarme sobre Cristiano Ronaldo. A torcida pediu pênalti, que não houve. Era o fim. Faltou pouco para o milagre. Milagres podem ser injustos? Esse, seria.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.