Topo

Menon

Boca termina com a independência corintiana

Menon

16/05/2013 00h36

No mesmo dia em que alguns vereadores paulistanos deram mais um passo perigoso rumo à galhofa e ao desrespeito pela cidadania – criaram o dia da Independência Corintiana – o Boca Juniors, ajudado por dois erros de Carlos Amarilla – eliminou o Corinthians da Libertadores.

Um murro na cara do novorriquismo corintiano. Gente que acredita em Luiz Paulo Rosenberg, que acredita na Nike, na República Popular do Corinthians bla bla bla. Gente que acreditou em Andrés Sanches quando ele disse que, após a queda para a segundona, ninguém mais riria do seu time. Gente que, como Fukuyama, decretou o fim da história, foi avisado pelo golaço de Riquelme que nada é definitivo no futebol.

Não adianta ter dinheiro, ter isenção, ter terreno, ter grandes jogadores, ser o melhor time do Brasil. No futebol, é preciso ganhar. E aqueles que vivem dizendo que título não importa, devem comemorar muito o título paulista. Se vier. Afinal, é um título. Afinal, é futebol. E nos últimos tempos, a arrogância alvinegra se comparava à do São Paulo. Paulistão não servia para nada. E a Libertadores era uma certeza. Viria por decreto. Não veio, né. Nunca vem.

Riquelme chutou no gol ou tentou um cruzamento? Eu acho que cruzou, buscando o segundo pau. Cássio estava adiantado, mas o mérito do argentino é grande. Román não é mais o garoto que derrotou o Palmeiras, mas consegue liderar tecnicamente esse time. Ninguém, nem Diego Armando, ganhou tantos títulos com o Boca como ele.

O grande mérito do Boca foi jogar bola. Lembram do que eu falei ontem sobre o Palmeiras? Aquela história de JOGO DE LIBERTADORES, de sangue na veia, de raça? Pois é, o Boca teve raça, determinação, mas está classificado porque mostrou um posicionamento tático admirável. Desde o primeiro minuto apostou no toque de bola, no bom passe e no jogo em ritmo lento. Trocava passes no campo adversário e não se precipitou nunca. Teve o domínio tático do jogo.

As tais duas linhas de quatro funcionaram muito bem e a troca de posição entre Riquelme e Blandi também. A vitória por 1 a 0 no primeiro tempo foi justa. Amarilla errou, mas eu prefiro falar de futebol. Quando o Corinthians eliminou o São Paulo nem toquei no fato concreto que Emerson e Romarinho deveriam (ou poderiam?) ter sido expulsos. Analisar futebol baseado em erros de arbitragem é algo simplório.

Para o segundo tempo, Tite mexeu muito bem. Colocou Edenílson para abrir o jogo pela lateral e Pato para dar mais força ao ataque. Saiu do tal 4-2-3-1 que eu considero muito engessado. Foi para um 4-2-2-2. Precisava de um gol rapidamente e ele veio aos seis minutos. Depois, houve o segundo, mas o juiz anulou bem porque houve falta em Orion.

O Corinthians dominou o jogo, sufocou o Boca e acredito que teria conseguido os três gols se Alexandre Pato não tivesse cometido provavelmente a jogada mais ridícula de sua carreira. Um pé tocou o outro e a bola safou-se da pancada. Acho que esse foi o lance definitivo, foi o que impediu a virada corintiana.

No final do jogo, a torcida corintiana cantou muito. A do Boca também, por outros motivos. Foi muito bonito ver os jogadores se cumprimentando sem baixaria, sem porrada.

O Boca enfrenta o NOB nas quartas. Um dos dois deve pegar o Galo na semi.

E é bom lembrar que a história de Carlos Bianchi continua sendo escrita com mérito e honra. Ele eliminou, no Brasil, Telê Santana, Felipão e Tite. É um grande treinador.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.