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Ronaldo Giovanelli critica Júlio César, "uma piada", e preparadores de goleiro

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04/06/2013 17h15

Ronaldo Soares Giovanelli, comentarista da TV Bandeirantes, está muito preocupado com a qualidade atual dos representantes da posição que defendeu em 601 partidas como goleiro do Corinthians e apenas uma pela seleção brasileira. A causa é a preparação atual e a consequência, diz, com seu estilo direto e franco, é Júlio César como titular.

"Ele é uma piada. Muito fraco e se é o titular é porque está tudo errado. Os preparadores de hoje não são como os de antes, não são como Valdir de Moraes ou Agnaldo Moreira. Eles ensinam o goleiro a salvar a própria pele e não a salvar o time".

 O que mais decepciona Ronaldo atualmente é a maneira como os goleiros se comportam quando há cruzamentos na área. "Eles só pensam em socar a bola. É a única solução que conhecem. Goleiro só pode da murro quando ele está dividindo com o atacante ou com o zagueiro. Tem de mandar na área e gritar. Tem que decidir. Não pode fazer como o Júlio César na última Copa, que foi trombar com o zagueiro, não pegou nada e a Holanda fez o gol. Agora, quando o goleiro está sozinho na jogada, socar a bola é ridículo".

Para ele, há muito soco substituindo defesas. 'Pode parecer perseguição, mas vou usar outro exemplo do Júlio César. Teve um jogo na Itália em que ele socou uma bola para escanteio aos 45 minutos do segundo tempo. Na cobrança, saiu o gol. E era uma bola que tinha de defender, com segurança, não era para dar soco."

A defesa completa é mais segura e completa, segundo Ronaldo. "Dependendo da orientação tática do treinador, o goleiro pode iniciar muitos contra-ataques. Eu fiz isso, o Zetti fez isso, o Veloso fazia isso. A gente era goleiro que ganhava jogo, hoje em dia não tem isso. Outro dia o Vitor pegou um pênalti com o pé. Foi assim comigo na minha estreia, peguei uma cobrança do Dario Pereyra, do São Paulo. É sorte, não pode ser considerada como uma vitória do goleiro, apesar de ter mérito, sim".

Para Ronaldo, há um tipo de treinamento muito simples, que tem sido abandonado. "Vai ver um treino e vê se ainda fazem paredão. O Agnaldo, que era meu preparador, exigia que eu fizesse paredão todo dia. Chutava a bola e pegava quando ela voltava. Tinha de agarrar. O paredão aumenta seus reflexos e faz com que a gente agarre a bola. Dá muita força na mão. Quando eu errava no treino, quando cedia escanteio, quando dava murro, ele dobrava a carga. Em vez de cem, era duzentos".

Logicamente, Júlio César, cuja escolha Ronaldo considera quase uma confissão de culpa, não é seu goleiro preferido para a seleção. Ele gosta de Jefferson, do Botafogo, e Rafael, do Santos. "São muito bons. O Jefferson foi muito bem contra a Argentina. E o Rafael mostra muita alegria nas pernas. Está de bem com a vida e é ótimo".

Ronaldo, que teve presença quase nula na seleção brasileira, acha que perdeu a grande chance em 1990. "Tinha 23 anos, era campeão brasileiro e estava jogando muito bem. Mas levaram o Taffarel, que era ótimo e mais o goleiro do Vasco, o Acácio, e o do Flamengo, o Zé Carlos. O treinador era o Lazzaroni. Todos cariocas e eu fiquei de fora".

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.