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Ana Paula vê futebol machista e aposta em Paulo César para salvar arbitragem brasileira do vexame

Menon

10/06/2013 15h08

Artistas como Jackie Chan, Rick Martin e a brasileira Daniela Mercury têm assumido sua condição sexual. Saído do armário. Ana Paula de Oliveira, que trabalhou como assistente de arbitragem até 2009 considera o futebol um meio muito machista e não aconselharia ninguém a assumir sua homossexualidade.

"Futebol é muito diferente do mundo artístico. Se uma garota me perguntasse o que fazer eu pediria a ela que fizesse algumas perguntas a si mesma: Vai somar algo em sua vida? Vai agregar? Você precisa dizer aos outros a sua condição sexual? Se achar que sim, váem frente. Eu acho que não".

Ana Paula, que posou nua para a revista Playboy em 2007, diz que se assustou com a repercussão negativa das fotos. "Estava preparada para uma pequena dor de cabeça e foi muito mais do que isso. Imagina então alguém assumir a questão sexual? Seria muito pior, atrapalharia a carreira. Mesmo o Margarida, lá do Rio, assumiu quando já estava fora da arbitragem. O Morgado,em São Paulo, nunca assumiu. É complicado".

Nunca um jogador questionou a sexualidade de Ana Paula. Se fizesse, seria expulso, assim como os que a chamaram de "piranha" ou se utilizaram de palavrões mais inocentes. "Um dia, um me mandou para aquele lugar, eu comuniquei o árbitro e ele foi expulso. A torcida é pior. Eles gritavam. Já me chamaram de sapatão, sim. Mas eu sou muito bem resolvida nessa questão e não gostei. Aliás, se for para escolher, preferia quando me chamavam de gostosa. É bem melhor do que sapatão ou piranha".

Aos 35 anos, Ana Paula divide suas atividades em três frentes. É comentarista de arbitragem na TV Alterosa em Belo Horizonte, está preparando sua tese de Mestrado em comunicação estratégica na PUC de Campinas – o tema é Futebol e Cultura – e voltará, em breve, a trabalhar como instrutora de arbitragem na Federação Paulista de Futebol. Vai dar aula sobre a regra 11.

"É o impedimento. Entendo bem disso, não acha"? Ela diz que, com quatro semanas ou um pouco mais, seus alunos estarão aptos a tratar desse assunto que tanta polêmica traz. E, além de esmiuçar a regra, ela acha possível adquirir algo que considera importantíssimo para um assistente. "É a visão periférica. O assistente precisa ver ao mesmo tempo o lançamento e a posição de quem vai receber a bola. É algo que desenvolvi bastante e que dá para passar aos alunos".

Outra arma importante é ter a audição privilegiada. "Se estiver atento e ouvindo bem, dá para perceber o lançamento pelo som do pé na bola. Você ouve e olha onde está o atacante. Dá para marcar muito impedimento assim".

A saudade dos tempos de arbitragem ela mata participando de eventos e jogos festivos. Além da lembrança dos domingos em campos de futebol, ficou também a preocupação com o atual momento da arbitragem brasileira. Wilson Luiz Seneme, Leandro Paulo Vuaden, Heber Roberto Lopes e Sandro Meira Ricci foram reprovados nos testes da FIFA e há uma grande possibilidade de o Brasil, país sede da Copa, não ter árbitros trabalhando no Mundial.

"Não sei o que aconteceu, mas tenho certeza de que as reprovações não refletem uma realidade. Já tivemos o Romualdo Arpi Filho e o Arnaldo César Coelho apitando final de Copa e agora nem vamos ter um árbitro? E todos os que foram reprovados são ótimos. Os testes estão muito duros e apenas o Sandro Meira se preparou bastante, com um estafe próprio. Acho que ele não passou por ansiedade, ficou muita carga nos ombros dele".

A solução, ela garante que tem, é simples.

"Basta chamar o Paulo César de Oliveira. Ele vai conseguir. Estou na torcida por ele, é excelente e merece esse trabalho".

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.