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Jornalistas argentinos fazem raio-x de Clemente Rodríguez: forte, veloz, calado, amigo de Riquelme e em mau momento futebolístico

Menon

25/06/2013 21h59

Perguntei a alguns destacados jornalistas argentinos o que acham de Clemente Rodríguez. Todos o consideram em um mau momento, mas dois deles apostam que ele possa ter sucesso no São Paulo. O perfil é de um jogador de velocidade, com boa projeção ao ataque, um bom parceiro e grande amigo de Riquelma. Tem personalidade mas é calado. Não é líder.

Clemente Rodríguez  vive um bom momento ou está em baixa? 

Christian Grosso (La Nación) – Teve um semestre muito ruim. O seu melhor rendimento parece haver ficado para trás há vários anos. Se mantinha em Boca porque era um jogador histórico e porque não havia ninguém mais no elenco. Jogou algumas partidas pela seleção porque lateral é uma posição carente na Argentina. Não há jogadores para essa posição. 

Julio Chiappetta (Clarín) – É o jogador argentino com mais participações na Copa Libertadores. Carlos Bianchi recomendou que buscasse ares novos. Não atravessa bom momento. Por isso, pediram que procurasse clube apensar de sua amizade com o líder e capitão Riquelme que disse, ao saber de sua saída, "Clemente é meu irmão". 

Joaquin Finat (historiador) – Futebolisticamente, não está bem. Essa é uma das razões porque o contrato não foi renovado. Nas quartas-de-final da Libertadores, contra Vélez, foi expulso de maneira infantil por empurrar o árbitro e Boca ficou com um a menos quando estava melhor e depois foi eliminado nos pênaltis. Em sua última partida, pela Copa Argentina, cometeu um pênalti contra All Boys e Bianchi o substituiu no intervalo. 

Cláudio Mauri (La Nación) – Já passou o seu melhor momento. Quando estava bem, era o lateral argentino mais "brasileiro" por suas projeções ao ataque, uma espécie de Roberto Carlos, inclusive na semelhança física, ressaltando as devidas proporções. Boca o descartou por seu mau rendimento. A gota dágua foi um pênalti infantil que fez contra o All Boys, pela Copa Argentina. Se entendia muito bem com Riquelme, que descarregava o jogo quando ele subia pela esquerda. Riquelme o considera um irmão. Alejandro Sabella continu convocando-o para a seleção "local" porque o conhece do Estudiantes de 2009 e é agradecido pelo que fez, mas não tem nível para jogar o Mundial. 

Sergio Ferraro (escritor) –  Está em baixa. Claramente. 

É um jogador de muita personalidade? Pode ser um líder em campo? 

Christian Grosso (La Nación) – Não. Nunca foi líder. Não é um jogador de atitude, que incentive os companheiros. 

Julio Chiappetta (Clarín) – Não é líder. É mais um do grupo. 

Joaquin Finat (historiador) – Tem personalidade, sim. Mas não o considero um líder em campo. Sempre foi um jogador de segunda linha nesse sentido. 

Cláudio Mauri (La Nación) – Não tem perfil de líder, não é de falar nem em campo e nem no vestiário. Nos últimos anos, teve problemas familiares e se separou da mulher, que o expulsou de casa. Riquelme o ajudou quando ficou só. Passa noites em casas noturnas e não está tendo uma vida profissional. 

Sergio Ferraro (escritor) –  Tem personalidade, mas não é um líder. Em Boca, sempre foi o "amigo de Riquelme". 

Está jogando mais no ataque ou na marcação? 

Christian Grosso (La Nación) – Ataca muito e desequilibra pouco. Tem muitos problemas para marcar, sempre foi fraco atrás. É baixo e não tem jogo aéreo.

 Julio Chiappetta (Clarín) – Seu forte é passar ao ataque. E se garante na marcação.

 Joaquin Finat (historiador) –  É um lateral-esquerdo que se destaca pela velocidade. Se entendia muito bem com Riquelme, seu grande amigo. Vai muito ao ataque e é bom em assistências. Nas últimas partidas, esteve mal na marcação. 

Cláudio Mauri (La Nación) – O ponto forte de Clemente sempre foi a velocidade, nunca se destacou por ser um grande marcador. Às vezes tem distrações que permitem jogadas às suas costas. 

Sergio Ferraro (escritor) – É um lateral como os brasileiros de antigamente: muita projeção, muito ataque e dificuldades na marcação. 

Ele é destro e joga pela esquerda. Isso ajuda em jogadas pelo meio ou é mesmo um jogador de beirada de campo?

 Christian Gross (La Nación) – É lateral. Colocado como volante, perde o melhor de seu jogo que é passar ao ataque de forma surpreendente.  

  Julio Chiappetta (Clarín) – É um jogador de lado, um lateral. Também pode jogar pela direita.

Joaquin Finat (historiador) – É destro e se projeta pela esquerda. Chega ao fundo e dá passes decisivos, mas se destaca mais quando vem de trás. Surpreende pela velocidade, ainda que nem sempre resolva as jogadas acertadamente. Chuta pouco ao gol. 

Cláudio Mauri (La Nación) – É um  jogador para atuar pelos lados co campo, não tem jogadas pelo meio. Pode jogar pelos dois lados, embora tenha feito quase toda a carreira na esquerda, mesmo sendo destro.

 Sergio Ferraro (escritor) – Como dizemos na Argentina, é um carrilero, um jogador de lado de campo. Sempre foi uma boa ajuda a Riquelme: quando o 10 se encostava na esquerda, Clemente sempre passava em velocidade. Então, ou o marcador ia atrás de Clemente e deixava Riquelme livre ou o marcador ficava em cima de Riquelme, que lançava Clemente em velocidade e profundidade. 

Acredita que possa ter sucesso no São Paulo? 

Christian Grosso (La Nación)  – Não. Creio que São Paulo fez uma compra ruim. 

Julio Chiappetta (Clarín) – Chama a atenção que o futebol brasileiro contrate um lateral argentino. 

Joaquin Finat (historiador) – Sim, pode ter sucesso. Seu estilo de jogo se adapta ao futebol brasileiro.

Cláudio Mauri (La Nación) – Pode fazer algumas partidas boas, mas não está em condição de jogar em alto nível de maneira constante. 

Sergio Ferraro (escritor) –  Creio que possa ir bem. É um dos melhores da Argentina, mesmo com quase 32 anos.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.