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Europa está sendo ruim para Lucas

Menon

02/07/2013 06h03

Uma das verdades absolutas do futebol moderno é que os jogadores brasileiros só conseguirão alcançar seu ápice técnico se estiverem jogando na Europa. Vocês podem não acreditar, em virtude de vários posts que escrevi, mas é algo que considero bem aceitável.

Como não se desenvolver atuando em melhores campos, em melhores campeonatos, ao lado de jogadores de alto nível e, talvez o mais importante, contra jogadores de alto nível? Quando o grau de dificuldade aumenta, é necessário crescer para superá-lo. Vale para tudo. Na medicina ou no videogame.

Além disso, considero os treinadores europeus mais avançados que os brasileiros. E os jogadores europeus – os argentinos também – com mais conhecimento tático que os nossos. Tecnicamente, não. Brasileiro é insuperável. Pena que hoje em dia há mais europeus que acreditam nisso do que brasileiros.

Jogar na Europa geralmente pode ser muito bom para o desenvolvimento tático e técnico de jovens brasileiros. Neymar vai melhorar muito no Barcelona. Até eu, fora de forma, melhoraria jogando ao lado do Lionel.

Ir para a Europa, entretanto, pode não ser sempre bom. Está sendo ruim para Lucas. Não falo financeiramente, é lógico. Ganhar anualmente sete dígitos em euros compensa muita coisa. Compensa ficar fora da Copa do Mundo? Pode ser. Esse é o risco que Lucas está correndo.

Ele deixou o São Paulo no final do ano como grande ídolo de uma torcida que se reconciliava com um título internacional após sete anos. Muito por causa dele. Foram 32 gols em 128 jogos pelo time. Um gol a cada quatro jogos. Média prejudicada pelo início da carreira em que atuava poucos minutos.

Vendido ao PSG, Lucas fez apenas 15 jogos em 2013: dez pelo campeonato francês, um pela Copa da França e quatro pela Liga dos Campeões. Deixou boa impressão, mas não fez gols. Ainda não marcou. Apesar do bom futebol, sua passagem pelo clube está marcada por um desentendimento com Ibrahimovic, que precisou ser desmentido através de nota oficial do jogador.

Fora do Brasil, tem perdido espaço com Scolari, o novo técnico da seleção. Os insistentes pedidos da torcida brasileira – independentemente do estádio – não moveram um milímetro da confiança de Felipão em Hulk. E passou ainda a ter a concorrência de Bernard.

Pode-se dizer que, com Mano, Lucas também não era titular. Pouco foi utilizado na Olimpíada de Londres. Mas, se continuasse por aqui, teria feito muitos gols no Paulistão, o time poderia ter ido mais longe na Libertadores e ele estaria pronto para disputar um título contra o Corinthians.

Por enquanto, em termos de seleção, a escolha de Lucas não foi boa.

Há uma outra verdade absoluta sobre ida para a Europa. Diz que o jogador deve ir para se tornar um homem melhor. Uma estupidez, na minha opinião. O que Sócrates, contestador e humanista, ganhou, nesses aspectos, indo para a Europa? Nada. O Brasil tem capacidade de produzir grandes homens por aqui mesmo.

Pode-se tornar uma pessoa mais culta na Europa. Conhecer novos horizontes, novas culturas, nova língua, museus? Concordo, mas um homem mais culto não significa um homem melhor. Não é mais cidadão aquele que pensa pequeno e de forma egoísta de forma bilíngue ou trilíngue.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.