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Kleina e os 12 trabalhos de Hércules

Menon

16/07/2013 13h42

A missão de Gílson Kleina à frente do Palmeiras é muito mais dura do que a de seus companheiros de clubes paulistas. Melhor seria dizer as missões. Elas me lembram a dureza dos 12 trabalhos de Hércules, da mitologia grega. Não que, fisicamente, o gordinho Kleina possa lembrar o semideus de força inigualável.

Hércules era filho de Zeus com uma mortal. Se nascimento causou ódio a Hera, mulher de Zeus, que colocou duas serpentes no berço do recém nascido. Elas foram estranguladas p or Hércules, em sua primeira demonstração de força descomunal. Hera continuou perseguindo-o, e Hércules, tomado de loucura, matou sua própria mulher e os filhos.

Foi mandado como escravo a Micenas, para servir o rei Euristeus. Teria de cumprir doze trabalhos duríssimos. Ao final deles, se tornaria um deus como o pai.

E lá foi nosso herói. Estrangulou um leão em Nemeia, decepou as nove cabeças de uma serpente em Lerna, capturou vivo um enorme javali e uma veloz corça de chifres de ouro e pés de bronze, matou aves com flechas venenosas, desviou ou curso de dois rios para limpar os estábulos do rei, dominou um touro e nada quilômetros com ele, capturou éguas carnívoras, matou a rainha das amazonas para dar seu cinto à filha do rei, matou o gigante Gérion, de três cabeças e deu seus bois ao rei, segurou o mundo nas costas para que Atlas fosse buscar as maçãs de ouro e prendeu Cérbero, um cão de três cabeças e rabo de serpente.

Fácil, não?

E será que Hércules conseguiria: ser campeão da Série B, montar um time competitivo para o Paulistão e, com alguns reforços, lutar pelo título da Série A no ano que vem?

Vamos comparar as tarefas de Kleina com a de seus rivais:  Edson Pimenta e Carpegiani precisam tirar Portuguesa e Ponte Preta do rebaixamento. Apenas uma tarefa. Autuori precisa recuperar a massa falida que lhe deu Juvenal, Tite não precisa fazer nada. Se não ganhar , será criticado mas tem um crédito enorme. E Claudinei tem todo o tempo para preparar os novos garotos da Vila. Ninguém quer que seja campeão.

Kleina, que dirige um time grande pela primeira vez na carreira é obrigado a façanhas que não o tornarão um deus como Hércules, ao contrário. Se for campeão, todos dirão o Jorginho também foi na Portuguesa e o Mano também foi no Corinthians. Nada de heroico. Mas se perder o título. Sim, porque é bom não acreditar nessa historinha de que o importante é subir. Ser vice-campeão com Figueirense ou Chapecoense com líder é nada.

Além de ser campeão, Kleina precisa ir bem no ano que vem. Novamente vem a comparação com Mano que saiu da Série B e ganhou títulos importantes a seguir. Se for campeão da B e fracassar no Paulista, de nada valerá.

Ele está indo bem. Houve um tropeço feio contra o América-MG em casa  e outro, injusto contra o Sport, no Recife. E seis vitórias. O time voltou a ter o direito de jogar na capital, perto da sua torcida, e Valdivia está se recuperando.

Aí está o bolo da cereja. Se for campeão, se montar um bom time e, ainda por cima, recuperar um ídolo que se transformou em sinônimo de chinelinho, Kleina poderá, sim, pedir o título de semideus. Ou então, em termos mais terrenos e palestrinos, de comendador.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.