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Menon

Truculência desnecessária contra Rogério Ceni

Menon

19/07/2013 13h52

Bem, confesso que o título do post é um pleonasmo. Não existe truculência que não seja desnecessária, ela é sempre irmã do autoritarismo. E caminha da mãos dadas com a falta de habilidade, principalmente no gerenciamento de relações pessoais.

Adalberto Batista teria todo o direito – e até obrigação – de procurar Rogério Ceni para uma conversa dura. Ao dizer que o clube parou no tempo, o goleiro ultrapassou suas atribuições. Foi além do que é pago para fazer.

E merece ser contestado. A sabedoria popular tem diversos ditos para justificar a resposta: quem fala o que quer ouve o que não quer, o risco que corre o pau, corre o machado; o pau que dá em chico dá em Francisco, olho por olho, dente por dente etc etc etc.

Mas há modos de se fazer uma crítica. Se o jogador erra ao falar em público, o dirigente erra muito mais em ampliar a discussão, em não deixar barato. O que o São Paulo ganhou com a atitude de Adalberto Batista explicitando que Rogério Ceni tem uma contusão que está atrapalhando a reposição de bola? Se alguém ainda não sabia disso, vai se aproveitar para marcar firmemente o goleiro nas próximas partidas.

E a frase "ele está perto de se aposentar e está louco para ganhar um título"? Uma frase capciosa porque Ceni fez sua história no São Paulo sempre lutando por títulos. Ele é um combatente, um profissional exemplar, que sempre lutou por títulos. Não é agora, em sua última temporada que essa característica apareceu.

E há, na frase, um incontido desejo de que a aposentadoria se apresse. Adalberto disse, em poucas palavras, que Rogério Ceni está atrapalhando o São Paulo.  Eu acho que a maioria dos jogadores atuais não respeita o clube. É difícil ver uma postura como a de Eguren, recém-chegado ao Palmeiras, na entrevista de ontem aqui no blog. Mas também acho que os dirigentes precisam respeitar os grandes ídolos.

Rogério Ceni é um grande ídolo. A torcida o considera um mito. Não deveria passar por um constrangimento desses. Mas, lembremos que há alguns meses o Peñarol quis fazer uma partida amistosa com o São Paulo para homenagear Pedro Rocha e o clube não conseguiu data. O calendário não deixou.

Mas o São Paulo vai a Lisboa disputar uma taça que se chama Eusébio, em homenagem ao grande jogador moçambicano que defendeu o time português. Por que não criar a taça Pedro Rocha, disputada um ano aqui e outro em Montividéu?

O presidente Marcelo Portugual Gouvêa instituiu uma atividade anual em que o clube recebia em torno de 200 ex-jogadores de todas as épocas. Foi lá que entrevistei Bauer, o Monstro do Maracanã, Gino, o centroavante que, para fazer um gol, bateu fortemente a cabeça na trave e tantos outros. Não há nada mais disso.

No São Paulo de hoje, falta carinho e sobra truculência. Juvenal trata o clube como se fosse seu haras e Adalberto trata o maior ídolo do clube como se fosse um carro. Um carro velho, não um porsche.

Em tempo:

1)      Eu não gosto das posições políticas de Rogério Ceni. E, se falarmos apenas tecnicamente, eu não o considero o maior jogador que o clube já teve. E nem o melhor goleiro. É o maior ídolo, sem dúvida

2)      O São Paulo parou no tempo mesmo. Não há dúvida. Dois exemplos simples: não consegue viabilizar a cobertura do estádio. 2) Cotia não forma um latera que seja melhor que Reinaldo, cuja saída foi comemorada pela torcida do Sport, que Carleto, reserva em todos os clubes por onde passou, Juan, dispensado pelo Santos e pelo São Paulo e por Clemente Rodríguez, dispensado pelo Boca?

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.