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Menon

Cuca chegou ao topo. E encontrou Tite

Menon

26/07/2013 12h41

Cuca mudou de patamar. Chegouaonde merecia estar há um certo tempo. O topo, onde já estava Tite. Antes, ao atual técnico do Galo, faltava um título. Depois, faltava o título. O mesmo que Tite conseguiu no ano passado. O título mais reconhecido atualmente em nossas plagas.

Ousadia de Cuca e equilíbrio de Tite são as características principais dos dois melhores treinadores do atual futebol brasileiro.  O paranaense místico aposta sempre no ataque. Já montou times no 3-4-3 e agora, novamente com três atacantes, venceu a Libertadores. Destruiu o estigma de que, no futebol de hoje, é impossível vencer com um meia habilidoso e três homens de frente.

E, reconheçamos, não é uma premissa despida de fundamento. Muitos times que colocam três jogadores no ataque perdem o meio-campo e o jogo. Os treinadores não conseguem abastecer seus atacantes e o time fica disposto em campo com os setores estanques: um goleiro, quatro defensores, três atacantes e um latifúndio no meio do campo, diligentemente ocupado por posseiros adversários.

Foi assim que Ney Franco cavou sua cova. Sem Lucas, apostou em 4-3-3 com Osvaldo e, do outro lado, Aloísio, Douglas, Cañete e muitos outros. Buraco no meio.

O Atlético de Cuca não é assim. Tardelli, na direita e Bernard, na esquerda, sabem voltar, dar combate e partir com a bola. Há momentos do jogo em que Tardelli é um terceiro volante pela direita. Sim, o preguiçoso Tardelli dos tempos de São Paulo, o Retardelli do Flamengo é o Multi Tardellii de Cuca. Mérito do treinador. Como foi de Leão, outro com quem Tardelli rendeu bem, embora com apenas uma função.

Não é um 4-3-3? É um 4-2-3-1 como está na moda? Para mim, é 4-3-3, com uma postura participativa de um jogador que nunca antes nesse país havia atuado dessa maneira.

Foi o que Tite não conseguiu fazer com Bruno César, por exemplo. Culpa do jogador, que não se ajudou, e não de Tite. Não foi uma questão de aprisionar um talento, foi apenas a verificação de que é preciso suar para jogar. Futebol está muito competitivo.

Tite prega isso nos treinos. Quem treina bem, está pronto para jogar. Por isso, Pato fica no banco de Romarinho. Por isso, Jorge Henrique foi dispensado. E, se Cuca tem o mérito de fazer o time jogar com três atacantes, Tite também rompeu a banda do conformismo ao mostrar ser possível montar o time com dois meias. Foi assim com Danilo e Alex. E agora, com Danilo e Renato Augusto.

Qual é o melhor equilíbrio? O de Tite, mais pragmático? O de Cuca, mais ousado? Tite foi campeão invicto da Libertadores. Cuca foi campeão com duas decisões por pênaltis, além do jogo contra o Tijuana. Correu mais riscos, teve mais goleadas. Bom, tem para todos os gostos. São os dois melhores.

PS –Contra eles, apenas o fato de, fora de campo, mostrarem menos equilíbrio do que dentro dele. Foi vergonhosa aquela cotovelada de Cuca em Renteria. Foi muito cruel Tite dizer que Neymar é um mau exemplo para a juventude brasileira.

Duas bobagens perdoáveis

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.