Topo

Menon

São Paulo acerta duas vezes: sai Autuori e chega Muricy

Menon

09/09/2013 18h54

Os fatos posteriores podem desmentir a tese, mas hoje, tenho certeza que a diretoria do São Paulo acertou na troca de Paulo Autuori por Muricy Ramalho, notícia dada em primeira mão pelo colega Vitor Birner.

Não se trata de quantificar quanto Paulo Autuori tem de culpa na situação dramática que o time vive no Brasileiro – com certeza é muito menor que dos dirigentes que o estão demitindo – mas de se constatar que algo precisa ser feito. Há muito tempo, diga-se, mas isso também é uma questão menor. Agora, nesse momento, algo precisava ser feito. E a troca de técnico é correta.

Talvez fosse possível esperar mais três jogos. Apostar em seis ou sete pontos contra Ponte Preta, Vasco e Atlético-MG. Ou, então, agir rapidamente. Os dirigentes apostaram na troca do treinador, algo que é visto como ultrapassado, como fora de moda, mas que se impõe nos momentos de crise. Ninguém é obrigado a ser técnico e os profissionais estão sujeitos à mesma lei de mercado que rege todas as outras profissões do mundo. Não rendeu, está fora. Nunca entendi tanta consternação por demissão de profissionais que ganham tanto. Me aflige mais a crise dos jornais brasileiros.

É lógico que há atenuantes. Basta lembrar de toda a pirotecnia montada por Juvenal Juvêncio quando o São Paulo foi eliminado na Libertadores. Teve um de seus rompantes e afastou sete jogadores: Cañete, Wallyson, Fabrício, João Filipe, Cortez, Henrique Miranda e Luis Eduardo. E disse que traria reforços.

Trouxe Caramelo e Silvinho, encostados, e Roni, emprestado ao Goiás.

Mais um pouco e trouxe Clemente Rodriguez, dispensado pelo Boca. E Reinaldo, o único a ganhar posição no time.

Quando Autuori foi apresentado, houve a reintegração de Fabrício.

E a opção por não trazer ninguém na janela de transferências do Exterior. A maior estupidez de todas. Scocco, por exemplo, chegou para o Inter no último dia da janela.

Com o time afundando, Lúcio foi afastado. Vieram Antonio Carlos e Welliton.

É muita incompetência na montagem de um elenco. Os erros de avaliação se acumularam e levaram a outro: que o São Paulo teria um elenco bom, suficiente para brigar pelo título. Os números estão aí para demonstrar o contrário. E, se houver alguma dúvida, o futebol apresentado confirma que o time tem mais nome do que bola.

Como não é possível um suicídio coletivo, como não é possível mandar muitos jogadores embora, como não é possível contratações de peso, o caminho é trocar de técnico. Mesmo que Autuori, que não conseguiu arrumar o time, tenha menos culpa do que os dirigentes do clube.

Chega Muricy. É uma aposta sem risco da diretoria. Não é nada inovadora, não é ousada, é bola de confiança. É o nome pedido pela torcida. Se der certo, ótimo, se não der, a diretoria não será culpada.

Muricy vai cumprir a primeira tarefa de quem não quer cair: parar de levar gols. Parar de perder. Ainda dá tempo dessa primeira etapa, antes de começar a ganhar. Mas é bom se apressar, o time precisa estar fora do rebaixamento daqui a dez rodadas no máximo.

É bem provável que Muricy reintegre Lúcio e aposte no 3-5-2. A aposta no esquema seria boa porque daria segurança a uma defesa que tem Douglas e Reinaldo, maus marcadores e volantes que agregam pouco em termos de proteçao à zaga. E tome bola na área para Aloísio e Luís Fabiano.

É o que dá para fazer. É o que tinha de ser feito, depois de tantos e tantos erros.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.