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Contra evasão, Cuba aumenta salários e prêmios de atletas. Dará certo?

Menon

27/09/2013 20h03

O Conselho de Ministros de Cuba anunciou medidas que mudam o salário e prêmios de atletas de alto rendimento. Para não falar em capitalismo, foi dito que a remuneração seguirá o princípio o seguinte princípio socialista: "de cada um, segundo sua capacidade, a cada um segundo seu trabalho". Na verdade, tudo é baseado em meritocracia.

Haverá seis faixas de salário:

medalista olímpico: 1 500 pesos;

medalhista mundial: 1 300;

medalhista panamericano: 1 200;

campeão centroamericano: 1 100;

membro da seleção nacional de beisebol: 1 000;

 reserva da seleção nacional de beisebol: 450 pesos

Além disso, haverá prêmios para atletas que conseguirem medalhas em competições internacionais. Os prêmios, que serão recebidos enquanto os atletas fizerem parte das seleções cubanas, são os seguintes:

Olimpíadas:

Ouro: 2500 pesos

Prata: 1650 pesos

Bronze: 825 pesos

Mundiais:

Ouro: 1250 pesos

Prata: 850 pesos

Bronze: 425 pesos

Pan-americanos:

Ouro: 625 pesos

Prata: 400 pesos

Bronze: 250 pesos

Centroamericanos

Ouro: 300 pesos

Há ainda outra remuneração para atletas e treinadores, mesmo que aposentados

Pan-americanos:

Ouro: 1250

Prata: 850 pesos

Bronze: 55o pesos

Os campeões centroamericanos receberão 800 pesos

Os prêmios acima não são cumulativos. Se um atleta tem medalhas de ouro e outra de prata, recebe apenas pelo ouro

O beisebol, esporte nacional cubano, dará prêmios individuais e coletivos. Quem participar de mais de 70% dos jogos, será premiado com 5 mil pesos. Os melhores jogadores da estatística receberão também 5 mil pesos. O time campeão receberá 65 mil pesos, o vice ganhará 45 mil pesos e o terceiro colocado ficará com 30 mil pesos.

Uma reclamação dos atletas cubanos foi atendida. Os prêmios recebidos em competições internacionais ficarão com eles, não será preciso dar nada ao governo. A divisão será assim: 80% para atletas, 15% para treinadores e 5% para especialistas das comissões técnicas.

 Treinadores e especialistas que trabalham com atletas de alto nível receberão salários e prêmios que não poderão ser maiores que 50% do que recebem os atletas.

Todos esses prêmios e salários definidos pelo governo cubano vão se somar ao total que os atletas já recebem atualmente. A diferença é que o vencimento atual é feito em pesos conversíveis e as novas serão em pesos cubanos.

O que muda?

Peso conversívelé o dinheiro que pode ser usado pelos turistas. Sua cotação em relação ao dólar é de um por um. O peso cubano é o dinheiro pago à população em geral. Oficialmente, ele também é paritário ao dólar, mas na realidade, vale 25 vezes menos. Quem tem um peso conversível pode trocá-lo por 25 pesos cubanos

Por isso, os cubanos que trabalham em hotéis, por exemplo, conseguem um bom rendimento "por fora". Cada gorgeta de um peso conversível recebido se transforma em 25 pesos cubanos.

Não se fala quanto os atletas recebem atualmente em pesos conversíveis. O que o governo divulgou é que atualmente os atletas ficam com 15% dos prêmios ganhos em esportes individuais. O treinador fica com 4%. Em esportes coletivos, os a parte de atletas e treinadores varia de 30 a 50%.

As mudanças salariais valem a partir de janeiro. Para os jogadores de beisebol, a partir de novembro, quando começa a Liga Nacional.

Com essas mudanças, os atletas cubanos de alto nível passam a ter um rendimento salarial de certa forma invejado por outros trabalhadores. Se não tiverem vontade de viver em outro país, terão menos vontade de evasão. Mas, se quiserem viver longe de Cuba, nada os segurará. Basta lembrar que Wilfredo León, o melhor jogador de vôlei da ilha abandonou a seleção ao receber uma proposta para jogar na Itália em torno de 1,5 milhão de dolares. Foi suspenso por dois anos, mas depois poderá emigrar.

Por mais que se mude a estrutura salarial não há meios de se equiparar com o que se pode ganhar fora do país.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.