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Violência só acaba quando morrer o filho de algum governador?

Menon

08/12/2013 18h34

O fato de dois bandos de delinquentes se enfrentarem em briga campal não é novidade. É recorrente. A mais antiga que me lembro, em 1995, um jogo de juniores entre São Paulo x Palmeiras teve até morte.

O fato de dois bandos de delinquentes se enfrentarem não siginifica a falência do futebol brasileiro. Significa a falência da segurança pública. A Polícia, os órgãos responsáveis pela segurança do cidadão não conseguem fazer com que um cidadão honesto possa ver um jogo de futebol sem correr o risco de ser assassinado. Os governadores não se mexem.

Se depender da segurança pública, é tão perigoso ir a um jogo de futebol às 17 horas do que ir a uma boca de fumo com máquina fotográfica à meia noite. Não se pode viver em paz.

Só que é fácil cuidar da segurança pública em campos de futebol. Pelo menos, depois que a porta foi arrombada. Esse bandido com a camisa do Vasco e um pedaço de pau na mão está em todos os sites, em todos os canais de televisão. É fácil prender, não é? Por que não prende? Por que alguns dos corintianos presos em Oruros continuaram a frequentar estádios e a praticar violência? A Polícia sabe quem são, não sabe?

Essas falanges são financiadas pelos clubes. Ou, no mínimo, têm sua vida facilitada pelos clubes. Permitem a entrada para peitar jogadores, recebem facilidade para comprar ingressos.

Por que os clubes permitem que esses animais ganhem dinheiro usando o símbolo dos clubes? Por que quando, entre uma morte e outra, os bandos organizados distribuem brinquedos para crianças pobres, são louvados na mídia? Por que são permitidas escolas de samba e suas práticas duvidosas usando nome – ou relação – com os clubes grandes?

Antigamente se dizia: a violência só vai parar quando morrer alguém. Já morreu e não mudou nada.

Eu acho o seguinte: a violência nos estádios só vai parar quando o filho de algum governador morrer. Quando o filho do responsável pela segurança morrer.

Talvez, então, por um tempo, eles criem vergonha e trabalhem duro contra a violência. Aliás, só para lembrar, são pagos para isso.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.