Galo não pode esquecer que 2013 foi ano de redenção
Em vez de Ronaldinho e Tardelli, a tela da minha televisão mostrava um aviso contínuo de que um tal satélite estava sendo procurado. Coisas da Sky, mais instável que castelo de cartas erigido diante de janela aberta. Então, não vi o jogo. Li alguns comentários e eles são unânimes em falar sobre um nervosismo muito grande do Atlético. Qual o lide? Novidade nenhuma. Time de Cuca nervoso é como o cachorro morder o homem. Não é notícia. É deja vu.
Cuca é um treinador brilhante e ousado. Muitas vezes o Galo joga em um 3-4-3 tão bonito quanto eficiente quanto único no futebol brasileiro. Mas ele não consegue tirar a tensão do time. Tenho certeza que os jogadores do Galo sabiam tudo sobre o time do Raja, sabiam tudo sobre a história do clube, assistiram ao triângulo amoroso de Ricky, Ilsa e Victor várias vezes, entraram em campo sabendo tudo sobre como ganhar. E eu fico me perguntando se num caso assim não é melhor o técnico dizer apenas: "vocês representam o futebol brasileiro, são melhores do que eles, então vão lá e vençam. Troquem passes curtos para não ter erro, consigam umas faltas para o Ronaldinho e é só. Boa sorte".
Mas com o Atlético não é assim. Como times de massa que passaram por grandes jejuns, não é assim. Não basta ganhar, é o preciso dizer que para nós é tudo mais difícil, que somos sofridos, que os deuses precisam estar do nosso lado, que representamos toda a tristeza do povo sofrido, que somos o arauto da redenção, blablabla. Nessas horas, tiram todo o lado lúdico do futebol e o transformam em tese de doutorado sobre o sofrimento que o futebol pode minorar… E Cuca é pós doutorado em sofrimento e tensão.
O Galo trocou sua alegria de um time que cultiva o futebol pela obrigação de redimir uma nação pelos sofrimentos que lhe foram imputados através dos anos. Sofrimentos que haviam terminado com a conquista da Libertadores. Esqueceram isso.
Mesmo com a derrota vexaminosa – sim, amigos, sempre que um time brasileiro perder para um marroquino será um vexame, da mesma forma que um chef marroquino será, para todo o sempre, vítima de vergonha se perder para um brasileiro um concurso de cuscuz marroquino – o torcedor atleticano não pode esquecer que esse foi o ano da redenção. Da inédita Libertadores, da conquista de um novo direito: poder jogar futebol com alegria, sem peso de jejum e sem complexos. Pena que esqueceram nesse jogo contra o time de Humprhey Bogart, Ingrid Bergiman e Paul Heinreid.
O Fausto havia feito uma charge que previa o Galo cantando forte em Marrocos, para a final contra o Bayern. Ontem, fez outra sobrea a decepção atleticana. Resolvi publicar as duas. O Galo de 2013 merece todas as homenagens. E a alegria está em destaque diante da tristeza. Se pensasse assim, estaria na final. Eu garanto, mesmo não tendo visto o jogo.
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