Guardiola, simples, genial e gentil...Cardoso
Esse post saiu após conversas virtuais com Leonardo Bertozzi (@lbertozzi), Rogério jovanelli (@rjovanelli) e Raphael Amorim (@rapha_amorim). As bobagens são minhas, os acertos são deles.
Nessa época do ano fico tentado a considerar o panetone com frutas cristalizadas a maior invenção de todos os tempos. Não é. É a roda, um avanço de milênios na história da humanidade. Simples e revolucionária, como uma música de Tom Jobim, uma curva de Niemeyer, um time de Guardiola.
Os conceitos de Guardiola são acacianos. São banais. Eu me lembro da história de Gentil Cardoso (1906-70), que dirigiu grandes times do Rio e foi campeão pernambucano pelos três grandes.
Um dia, tentava fazer seus jogadores entenderem que bola alta só atrapalha passe deveria ser privilegiado. Chamou o pessoal e começou uma conversa estranha
Do que é feita a bola?
De couro, seu Gentil
E o couro vem de onde?
Da vaca, seu Gentil?
E a vaca, como se alimenta?
De capim, seu Gentil
Então, se a bola e feita de couro, o couro é feito da vaca e a vaca gosta de capim, vamos fazer a bola rolar na grama e não no alto. Vamos jogar com ela no chão.
Guardiola, que é fã de Bielsa, assinaria o método de Gentil Cardoso.
Uma conversa de Guardiola explicando seus conceitos poderia ser assim:
Qual a primeira condição para fazermos gol?
É ter a bola, Guardiola
Qual a primeira condição para não tomarmos gol?
É ter a bola, Guardiola
E qual a melhor maneira de ter a bola?
É não errar passes.
E qual é a melhor maneira de não errar passes?
É dar passes curtos
E qual a melhor maneira de dar passe curto?
É estando perto do companheiro.
E, em qual parte do campo é melhor ter a bola, para fazermos gol ou para não tomarmos gol?
Perto do gol adversário, seu Guardiola.
E como é a melhor maneira de roubar a bola?
Tendo dois ou três bons volantes.
Errado. Nós não vamos roubar a bola. Vamos impedir que roubem da gente. E o melhor modo não é tendo volantes, é tendo meias que tratem bem a bola, que não errem passes e que a mantenham sempre sob domínio.
Fácil, né? Genial, né?
Depois de dominar o mundo com esses conceitos, Guardiola deixou o Barcelona, assumiu um Bayern campeão da Europa e… arriscou novamente.
Trocou o 4-2-3-1 que tinha Neuer, Lahm, Boateng, Dante e Alaba, Schweinsteiger e Javi Martinez; Robben , Muller e Ribery; Mandzukic, com as duplas Lahm-Robben e Alaba-Ribery pelos lados do campo por um esquema com tanta força e velocidade, com mais posse e toque de bola.
Sem Robben, contundido, está jogando em um 4-1-4-1. Rafinha entrou no lugar de Lahm, na direita. Ele e Alaba agora entram um pouco pelo meio, para darem mais posse ao meio-campo.
Lahm é o único volante. Thiago Alcântara e Kroos são os meias mais recuados, Goetze e Ribery mais abertos e Muller no meio. Quando escala Mandzukic, tira Rafinha e manda Lahm novamente para a lateral.
São modificações que sempre buscam o futebol bem jogado, sem brucutus. Luis Gustavo, que nem é tão brucutu assim, foi despedido. No Brasil, é titular indiscutível. O que mostra a diferença de conceitos entre Guardiola e Scolari, representante de todos os técnicos brasileiros.
Guardiola é olhado com admiração. Seus próximos passos são esperados por todos os que gostam de futebol. Como vai jogar o time de Guardiola após a chegada de Lewandowski e a recuperação de Robben e Schwensteiger?
O The Mirror fez uma previsão.
Terá Neuer no gol.
Schwensteiger como o homem mais atrasdo.
À sua frente, pela direita, Kroos e Goetze pela esquerda. Um pouco mais á frente, Thiago.
Os meias seriam Shaqiri e Muller.
E ataque teria Robben e Ribery abertos, com Mandzukic e Lewandowski.
Concordam?
Seria o esquema 1-2-1-2-4?
Será que encaixa, como adoram dizer os nossos professores, que nunca tentariam algo novo assim?
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