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Menon

Paulo André fará falta ao futebol brasileiro

Menon

12/02/2014 15h12

A saída de Paulo André para o futebol chinês pode significar um baque muito grande nas esperanças de mudanças por aqui. Ele é o principal líder do movimento Bom Senso F.C que luta por um calendário melhor e mais racional. Além disso, Paulo André lavou a alma de muita gente ao encarar José Maria Essa Medalha é Minha Marin, filhote da ditadura e presidente da CBF.

É lógico que Paulo André não é o líder sindical perfeito. Sua atuação diante da invasão de delinquentes no centro de treinamentos do clube foi horrível. Em sua pagina pessoal na internet ele disse que os jogadores estavam prontos a fazerem greve e não enfrentarem a Ponte Preta, mas que desistiram depois que Mario Gobbi e Mano explicaram quais seriam os prejuízos do clube.

Ora, mas o movimento deveria ser justamente CONTRA o clube, que permite a entrada de vagabundos, que não reage contra eles e que não atua contra eles. Mantém uma relação de parceria e levam para frente aquela bobagem "esse clube não tem uma torcida, é uma torcida que tem um clube".

Ao não enfrenar vagabundos e diretores que sustentam os vagabundos, como falar em greve? Contra quem? Com apoio de quem?

É assim que penso, mas não significa que despreze a atuação sindical de Paulo André. Ele é uma grande novidade nesse mundinho futebolístico em que é normal chamar um negro de macaco "o que é que tem, isso é comum, o que se passa no campo fica no campo, ninguém é racista, eu até tenho amigo negão". Em que se institui esse tal direito de imagem, uma maneira de driblar o fisco, em que os clubes devem e devem e não pagam e não pagam.

Paulo André é criticado por suas qualidade e não por seus defeitos. Como é que um zagueiro pode escrever um livro, fazer um poema, pintar um quadro? Pintar o cabelo de loiro, pode, comprar uma branquinha, pode, colocar foto no instagram pode e ouvir funk também.

Apesar de Paulo André nunca falar nada sobre Andrés Sanchez e nunca se posicionar – nem a favor – da construção do Itaquerão, não há dúvida que o futebol brasileiro perde muito sem ele. Principalmente fora de campo.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.