Pato Guerreiro? Talvez. Pato trabalhador? Sempre
Alexandre Pato toma conta da lotada sala de imprensa do CT do São Paulo, com 86 repórteres, 22 fotógrafos e 12 câmeras.
O novo contratado veste o segundo uniforme do clube. A boca está aberta, deixando à mostra seis dentes superiores e onze inferiores. A língua está retraída, as sobrancelhas fazem um arco e o nariz está franzido. A mão direita está fechada e a esquerda também, agarrando o símbolo do clube. Ele comemora um gol que ainda não veio.
O Pato que o telão – não amigos, eu não vou escrever vídeowall – formado por cinco televisões na horizontal e três na vertical traz uma mensagem clara. Está chegando um novo jogador em todos os sentidos. Um Pato pronto a mostrar que a imagem deixada em sua apagada passagem pelo Corinthians é falsa.
O Pato técnico pode ser também um Pato selvagem, um pato guerreiro.
Pode?
É o que pergunto a ele. "No ano passado você chegou como um superstar ao Corinthians. Agora, você é um jogador que busca reencontrar seu espaço no futebol. Para conseguir isso, basta sua técnica e sua vontade de trabalhar ou é preciso algo mais, é preciso ser mais guerreiro, é preciso ser um pato selvagem?".
Ele responde repetindo o que disse várias vezes na entrevista coletiva. Que é um cara trabalhador, o primeiro a chegar e o último a sair e que está muito ansioso para jogar. "Se o Muricy pedir que eu volte para marcar, eu ou fazer, sem dúvida".
Pouco antes, o repórter Alexandre Praetzel, da rádio Bandeirantes, havia feito pergunta parecida, sobre sua competitividade em campo, pois a técnica é indiscutível. "Se precisar dar carrinho, eu dou, se precisar ajudar o zagueiro eu dou, mas é importante saber que minha função é fazer gols. É para isso que fui contratado".
Pelo que se viu na entrevista, Pato discorda das análises de que seria um jogador sem fibra, do tipo que só pensa em si. E, para provar isso, ele prometeu várias vezes trabalho e não raça.
Não vai mudar seu estilo. Quer ser cobrado por gols – fiz 17 no Corinthians – sem escolher posição – jogo tanto no meio como centralizado – por títulos – estou em um multicampeão, juntamente com Rogério e Luís Fabiano e quero ser tetracampeão mundial – e está muito ansioso por jogar.
Em uma hora de entrevista, repetiu a expressão "não vejo a hora" por oito vezes. O garoto que deixou a casa materna com onze anos, que virou estrela, que caiu – hoje é Guerrero e não ele que é conhecido por gols e por namorar uma mulher Bárbara – agradeceu ao Corinthians por não se contundir mais e deixou claro que não será preciso carrinhos e posicionamento tático para voltar a ser uma certeza e não uma incógnita, como agora.
Vai dar certo? Esperemos a próxima entrevista. Não haverá telão. Apenas um homem contente pelos gols que voltaram ou explicando porque os gols sumiram.
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