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Menon

Faltam 100 dias. Será uma grande Copa

Menon

04/03/2014 12h24

O UOL traz hoje duas matérias muito boas, sobre a Copa do Mundo. Elas são do  Tiago Dantas (http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/03/04/a-100-dias-da-copa-veja-10-coisas-que-o-brasil-ainda-precisa-fazer.htm)

e do Rodrigo Mattos

(http://rodrigomattos.blogosfera.uol.com.br/2014/03/04/a-100-dias-da-copa-metade-dos-projetos-nao-esta-pronta-e-legado-e-reduzido/ ),

dois grandes repórteres. Mostram com números e dados, sem juízo de valor, o que foi feito, o que falta ser feito, o que foi prometido e as promessas que foram abandonadas.

O que mais me preocupa é a questão da Internet. Houve problemas na Copa das Confederações e ainda não há certeza de que serão resolvidos. Fora disso, não se justifica o quadro catastrófico e fantasmagórico pintado por muitos brasileiros. Outro dia, por exemplo, um chargista publicou uma obra que mostrava a Copa afundando. Os motivos? Curitiba não vai ficar pronta. Cuiabá não vai ficar pronta. Recife desistiu da Fan Fest. Os dois primeiros pontos já foram resolvidos. E o terceiro, será.

Apesar do legado que chegará atrasado (os aeroportos que estão atrasados serão entregues depois da Copa, mas será entregues, que é o que interessa), e será uma grande Copa. É preciso deixar claro que um evento dessa magnitude não ocorre sem problemas. Eu cobri três Copas e em todas houve problemas. Nos EUA, em 94, os jornalistas ficavam em uma bancada de madeira, como em circos mambembes. A final foi realizada em um campo de futebol americano, adaptado. Na Alemanha, ônibus de jornalistas atrasavam constantemente. Havia pontos cegos no estádio de Berlim, como havia na África do Sul, onde não fui.

E no Japão e Coreia? Havia poucos voluntários falando português e espanhol. E havia dificuldade no inglês de muitos deles. Tentavam explicar e, quando não conseguiam, mostravam na face todo o desespero de quem não estava ajudando. Era emocionante. Foi um problema? Sim, entrei 15 minutos atrasado, juntamente com Eduardo Jose Savoia, no jogo Turquia x Senegal. Manchou a Copa? Não, quando me encontro com o Savoia ainda damos boas risadas.

E é isso que me incomoda. Muitos críticos são contra a Copa por princípio.. Por ser no Brasil. Fazem a tese: a Copa não pode ser no Brasil. E, depois, buscar argumentos para justificar. Deveria ser ao contrário. Há um pessimismo exagerado e usam dois pesos e duas medidas. Nossa Copa será um fracasso porque os nossos taxistas não falam inglês? Ora, na Alemanha, grande parte dos taxistas era turca. E falava turco. No Japão, eu saía com um cartão do hotel, com endereço escrito em inglês e japonês. E teve um dia em que o taxista me levou para outro hotel.

Nossos metrôs não vão funcionar? Não vão mesmo? Eu andei em metrô de Tóquio tão lotado como o de Itaquera.

Não se trata de encobrir nossos erros com os erros dos outros países. Apenas que se peça o mesmo rigor nas análises. Mas a má vontade é muito grande. Quando o ministro Aldo Rebelo diz que foi assaltado em Paris, é tratado com um tosco, um patriota (sim, ser patriota virou ofensa) um homem fora de seu mundo. Há uma indignação geral. Mas quando o Jerôme Valcke diz que vai dar um pontapé no traseiro dos organizadores, tudo bem.

Leia aqui, a entrevista que fiz com Aldo Rebelo http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/03/02/ministro-do-esporte-critica-imprensa-e-defende-a-fifa.htm

 

Vamos ver se daqui a cem dias, quando o Brasil enfrentar a Croácia, se o quadro pintado hoje vai se concretizar. Se a Internet vai parar de funcionar, nos impingindo um vexame mundial, se as pessoas terão de se deslocar a pé por mais de um quilômetro (como em toda Copa) sendo vítimas de assaltantes, se os estádios não estarão prontos, se não haverá estruturas provisórias,  se os taxistas levarão os turistas para Caxambu em vez de Itaquera, se Julio Cesar e Fred falharão (esse medo, eu compartilho).

Eu sou otimista. Os problemas serão resolvidos. O legado, em parte atrasado, virá. Tenho preocupação com o futuro do estádio de Manaus, pode ser mesmo um elefante branco. Em Cuiabá, não. Acho que poderá ser uma alavanca para o futebol de lá, um estado rico que poderá ter time na Serie A e pouco tempo. Olha o Luverdense aí.

A Copa poderia ser em menos sedes? Poderia. São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul? Sim, mas seria a Copa do Sul-Maravilha e não do Brasil. O Brasil tem muito a mostrar. Como negar a um turista a possibilidade de ver as Cataratas do Iguaçu, o Pantanal, as obras de Aleijadinho, o rio Amazonas, o Pelourinho, o frevo, as dunas de Natal?

Esse último parágrafo ficou parecendo – desculpem a pretensão – o maravilhoso samba de Silas de Oliveira, Aquarela Brasileira. Mas, eu sou assim, patriota. Podem ofender, o espaço é aberto.

A Copa vai mostrar ao mundo, um país que vive o seu melhor momento. Caminha para sua sétima eleição presidencial seguida. Tem moeda estável. Tem pleno emprego. Tem inflação controlada. Tem inclusão social. Bem, se não me xingaram até agora, aí vai: tem a mais bela e a mais vitoriosa história no futebol mundial. Virou moda falar mal do futebol brasileiro também, mas Pelé, Garrincha, Romário, Ronaldo e mais 50 desses não me deixam mentir.

A Copa vai trazer dinheiro ao país. Muito mais do que se gastou.

Então, repito o desafio. Baseado no que se tem hoje, vejamos se as cassandras estão certas ou erradas daqui a cem dias. Essa é minha aposta mais tranquila. Vai ser uma grande Copa.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.