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Livro de Clara Albuquerque traz 22 craques sem-copa

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29/03/2014 13h59

O blog entrevistou a jornalista Clara Albuquerque, autoria do livro Os Sem Copa, que conta a história de 22 craques brasileiros que não conseguiram jogar uma Copa: Marcos Carneiro de Mendonça, Arthur Friedenreich, Neco, Pirilo, Oberdan Catani, Heleno de Freitas, Eurico Lara, Popó, Yeso Amalfi, Feitiço Evaristo, Tesourinha, Quarentinha, Dirceu Lopes, Djalma Dias, Neto, Alex, Canhoteiro, Djalminha, Roberto Batata Geraldo e Dener.

É um livro muito agradável, com texto saboroso e que não se fixa no eixo Rio-São Paulo e nem apenas em nomes já conhecidos. Eles estão lá, basta ver a lista, mas Capa -OsSemCopatambém estão o desconhecido Popó, Eurico Lara, um ídolo gremista que está até no hino do clube, mas pouco falado fora do Rio Grande do Sul. E está Dener, um dos poucos jogadores a conquistar o carinho e a admiração de muitas torcidas.

 

Antes da entrevista, leia dois trechos do livro.

POPÓ – Ele levava todo mundo ao estádio. De Irmã Dulce, religiosa baiana conhecida como "Mãe dos Pobres", ao escritor Jorge Amado. Era a diversão, a músi- ca, o sorriso. Era do povo. E era cantado em canções populares e em versos da torcida: "Não há fogueira sem brasa, não há mato sem cipó, não há partida anima- da, quando não joga Popó." Apolinário Santana, conhecido popularmente como Popó, é considerado um dos maiores jogadores da história da Bahia. Nas décadas de 1920 e 1930, atuou em onze clubes de Salvador e em diversas posições, tendo maior destaque no Esporte Clu- be Ypiranga, terceiro em números de títulos baianos, depois de Bahia e Vitória. Virou nome de rua de um dos bairros mais populosos da capital baiana, o Engenho Velho da Federação, e é um dos poucos jogadores de futebol do início do século XX ainda lembrados de forma marcante no estado. O povo pode até esquecer quando aconteceu a primeira Copa do Mundo, mas, Popó, esse o povo não apaga da memória.

  • DENER – Com rara frequência, a história do futebol recebe a visita de um astro que cause tanto impacto quanto ele. Com arrancadas velozes, uma habilidade explosiva nos pés e jogadas que pareciam vir de outro sistema solar, Dener deixou um rastro de fascínio em sua passagem pela terra.

Antes de atingir todo o brilho que um craque pode alcançar, o ídolo da Portuguesa encerrou a carreira num acidente automobilístico quando tinha 23 anos. Foi um dos jogadores mais talentosos que o Brasil produziu no começo dos anos 1990. Pena que surgiu e foi embora na velocidade de um cometa."

Qual é sua ligação com esporte?

Sempre fui apaixonada por futebol! Na minha casa, diferente da maioria dos lares, a apaixonada por futebol é minha mãe e com esse exemplo feminino em casa aprendi a gostar e entender de futebol desde cedo! Me formei em jornalismo e, depois do lançamento do meu primeiro livro – A Linha da Bola, Tudo o que as mulheres precisam saber sobre futebol e os homens nunca souberam explicar – comecei a trabalhar com jornalismo esportivo. Tenho passagens pelo jornal Correio (BA), onde mantive uma coluna aos domingos por quatro anos, pela TV Bahia, afiliada da Rede Globo e pelo SporTV, como comentarista de futebol. Atualmente, sou apresentadora e comentarista da TV Esporte Interativo

2) Por que quis fazer esse livro?

A ideia veio aos poucos, a cada convocação para Copa do Mundo. Sempre ficava alguém fora da lista e comecei a pesquisar quem eram esses jogadores brasileiros que haviam encantado torcedores, mas nunca haviam participado de uma Copa do Mundo. Conhecendo algumas histórias, percebi muitas histórias que mereciam ser contadas e resgatadas.

3) Como escolheu os jogadores?

São 22 jogadores. Comecei com uma lista muito maior e fui afunilando de acordo com as histórias e relevância de cada jogador. A ideia foi fazer uma viagem desde o início da Seleção Brasileira, e tomei como base a primeira conquista relevante do Brasil, o Sul-Americano de 1919, até os dias atuais. Existe um espaço no último capítulo para o 23° jogador, mesmo número de convocados para a Copa do Mundo, onde o leitor pode escolher e escrever a história do seu sem-copa.

4) Você fez pesquisas e entrevistas?

Sim, pesquisei em livros, jornais e revistas da época até os dias atuais. O livro não tem entrevistas.

5) Como é a estrutura do livro?

São nove capítulos divididos pelos motivos que deixaram os jogadores fora da competição. O primeiro capítulo, por exemplo, é chamado "Faltou Copa" e apresenta os jogadores que mereciam uma convocação antes da existência do torneio. "Faltou Vitrine" conta casos de jogadores que não jogavam no eixo Rio-Sp e que por isso não eram conhecidos no país. Já o "Faltou Paz" fala do período em que a Copa do Mundo foi interrompida pela Guerra. Outros seis capítulos completam o livro. Dentro de cada capítulo, os jogadores ganharam uma palavra ou expressão que os resume, como Aquele que foi tempestade, para Heleno, Aquele que foi uma cor, para Oberdan Catani, ou Aquele foi magia, para Feitiço, entre outros. A história de cada um é dividida entre a apresentação, o início, o meio e o fim.

6) Quais são as histórias mais dramáticas?

Os 22 jogadores são verdadeiros injustiçados na história do futebol e confesso que sou apaixonada por todas as histórias e acho todas dramáticas. Algumas são mais sofridas como a de Heleno de Freitas, ídolo do Botafogo que morreu internado numa casa de saúde em completo estado de demência, ou a de jogadores que encerram suas vidas antes de terem uma chance na Copa do Mundo, como Dener, Roberto Batata e Geraldo. História de jogadores como Quarentinha e Tesourinha, titulares da Seleção, mas que se machucaram muito perto do torneio também são de cortar o coração.

7) Qual jogador você como torcedora mais lamentou não ir a Copa?

Não vi a maioria dos jogadores do livro em atividade. Dos que vi jogar, Alex é o jogador que mais lamento não ter ido a uma Copa do Mundo.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.