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Guardiola e Mourinho: quem vai reagir primeiro?

Menon

30/04/2014 18h23

A final da Liga dos Campeões não terá, em Lisboa, os dois mais cultuados técnicos da atualidade. Pep Guardiola, o ousado, e Jose Mourinho, o pragmático, viram suas equipes serem totalmente dominadas em casa. Passaram vergonha e verão o Atlético de Simeone e o Real Madrid de Ancelotti pela televisão.

A reação, tal lá como cá, foi passional. Mourinho virou um imprestável e Guardiola, um professor Pardal. Injustiça, mas baseada em fatos. Parece claro que o Bayern de Guardiola é pior que o Barça de Guardiola. E é pior que o Bayern de Heynckes. E o Chelsea foi avançando sem mostrar nada de excepcional.

Não há gênios no futebol. Erra-se a acerta-se. O que fica é a obra final. Nesse ponto, a comparação privilegia Guardiola. Ele construiu um time espetacular, o Barcelona, que marcou época. Um time invejável e invejado. Um time que deslumbrou o mundo baseado em um conceito generoso: temos de ter a bola e a tratar bem. Um time em que passe errado era tão raro como colocar Metalica para fazer nenê dormir.

Qual foi o erro de Guardiola agora? Como Autuori, ele foi incapaz de colocar suas ideias em um grupo vencedor. O Bayern, como o Galdo de Cuca, não aceitou ser domesticado, não aceitou o passe como paradigma. A velocidade e a verticalidade são parâmetros ainda muito marcantes no time alemão.

Mourinho, me desculpem, só pode ser chamado de gênio pelos fascinados por resultados, pelos pragmáticos. Quando se fala do português, não há meio termo. Funciona assim: Gerrard escorrega e o Chelsea vence o jogo. Azar dele, Mourinho é genial. Defesa falha contra o Atletico e Chelsea perde? Culpa da defesa.

Se Mourinho coloca Torres e Demba Ba contra o PSG e vence, é genial. Se coloca Etoo e o camaronês faz um pênalti, Mourinho não é culpado.

O que não gosto de Mourinho é que ele é o ídolo dos dunguistas, do futebol de resultados, do vencer por vencer. Pode ser legal, quando meu time vence assim eu vibro, quando o Paraguai foi longe na Copa de 98, teve minha torcida, me alegrou. Mas eu sabia que aquilo, desde que o futebol foi criado, tinha nome. E o nome é retranca. Não é estratégia, compactação, blablabla.

Esperemos agora o que Guardiola (com Lewandowski) e Mourinho (ainda não se sabe com quem) farão na próxima temporada. Espero mais coisas belas do espanhol.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.