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Felipão acertou em não chamar Robinho, o Rei da Resenha

Menon

09/05/2014 14h17

O grande acerto de Scolari foi deixar Robinho fora da lista de convocados. Não questiono o aspecto futebolístico. Poderia ser uma boa opção de ataque. Sua ausência, porém, deixa mais forte a seleção do que a sua presença.

Minhas reservas com Robinho começaram logo após o meu deslumbramento. Para mim, a série de pedaladas sobre Rogério é um momento impar no futebol brasileiro. É uma celebração do esporte que eu amo. E do jeito brasileiro de jogar esse esporte.

Em seguida, ele e Diego foram chamados para a seleção olímpica que disputaria uma vaga para Atenas-2004. Diego, seu companheiro, estava tirando fotos para o crachá e Robinho aproximou-se. Puxou para baixo o calção do meia, que ficou apenas de cuecas. A TV mostrou ao vivo.

Uma brincadeira de moleque? Quem é alegre dentro de campo também é alegre fora dele? Eu sou uma mala, um mal-humorado? Tudo pode ser verdade, uma opção não exclui a outra. O fato é que a seleção não se classificou.

Em 2006, eu estava cobrindo a seleção argentina. Depois da eliminação contra a Alemanha, peguei um trem e fui ver Brasil x França. "É a última partida de Zidane pela seleção, não posso perder", foi meu pensamento.

Bem, todos sabem o resto da estória. Zidane deu um show, com direito a chapéu e Ronaldo e o Brasil foi eliminado. O que marcou, para mim, foi a atitude de Cicinho e Robinho no intervalo do jogo.

Os dois correram até Zidane – companheiro de Real Madrid – para conversar sei lá o quê. Atitude de deslumbrado, de tiete e não de atleta.

Em 2006, a seleção tinha dono. Pertencia à Ronaldo, Roberto Carlos e Ronaldinho, esse um pouco menos. Era campeões pouco comprometidos com novo título. Pouco antes da Copa, uma foto mostrava Ronaldo bem gordo em Ibiza.

E o Brasil foi eliminado com Roberto Carlos arrumando o meião.

Em 2002,era a família Scolari, um grupo comprometido e unido, após o corte de Romário. Em 2006, já vimos. Em 2010, era a seleção evangélica, comandada por Kaká e Lúcio. Cada gol não era uma conquista esportiva, não era um passo a mais rumo ao título. Sob o comando de Jorginho, era apenas louvor a Deus. A fé era mais importante que o futebol. Que fossem ao culto, então.

Agora, volta a família Scolari. Se Robinho estivesse lá, ele se enquadraria, tenho certeza. O problema seria transformar o grupo em em uma "república do pagode". Robinho, o rei do pandeiro, comandaria Daniel Alves e Neymar. A cada gol, uma dancinha, uma reboladinha. Sempre em busca de um flash, de um bom ângulo. Robinho, o rei da resenha, não faria bem aos outros. Seria bom para comandar a festa, não para buscar o título.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.