#83 Globo infantiliza torcedor e ensina musiquinha nova
MUDEI O TÍTULO ANTERIOR. NÃO RETRATAVA DA MELHOR FORMA O TEXTO.
A Globo ensinou o Brasil a votar em 1989. A Globo ensinou aos artilheiros do Brasil qual é a forma correra de se comemorar um gol. Foi a unanimidade do João Sorrisão. Agora, em mais uma tentativa de aumentar a audiência do Fantástico, quer ensinar a torcida brasileira a….torcer.
Não será algo de baixo para cima. Brasileiros terão o direito de mandar sugestões antes da escolha. Quem escolherá? Ainda não sei, talvez um júri com Carlinhos Brown. No Faustão.
Como se cria uma música de torcida? Quem sabe de onde vieram os gritos de alento dos torcedores aos seus times? Ninguém sabe porque foram criados pelo povo, de forma instantânea, de forma natural. Não houve imposição. É prova de amor.
E por que a torcida brasileira não tem um hino ou uma música vibrante como outros países? Não sei. Há várias teses.
Os torcedores da seleção brasileira não estão acostumados a ir aos estádios.
Os torcedores brasileiros preferem seus clubes à seleção.
O brasileiro, minha opinião, é muito mais crítico do que os outros torcedores. Aqui não há essa história de alentar sempre. Parece que a tigrada gosta mesmo é de gritar "time sem vergonha". O brasileiro não tem um apelido carinhoso para a sua seleção. Não é a Celeste, a Albirroja, a Tri, não é socceroos, não é nada disso. Antes, era a seleção canarinho. A amarelinha. Nada disso pegou ou se manteve. Para nós, é a seleção e ponto.
Somos mal acostumados com títulos. Queremos ganhar todos. Temos a obrigação de ganhar todos. Milhões de alemães foram, em 2006, ao Portal de Brandemburgo, comemorar o terceiro lugar na Copa que sediaram. Quatro anos antes haviam sido vices. Sabe quando vamos comemorar um terceiro lugar na Avenida Paulista. É mais fácil ira até lá pedir a cabeça do treinador.
Somos mais exigentes? Não amamos tanto? São estas as causas de não termos um grito de guerra pela seleção a não ser esse mantra que mais acalma do que incentiva? Não sei, o grito da Celeste também não é nada disso.
Pode ser uma ou outra, pode ser a união das duas. Mas isso não pode ser decidido de cima para baixo. Não será a Globo que definirá os caminhos do torcedor. A paixão popular é como um rio, não pode ser domada. Não deve ser conduzida, canalizada.
O futebol é paixão do povo. A seleção, nem tanto. Nenhum dos dois é propriedade da Globo. São muito mais do que um programa de duas horas nas tardes de domingo, aquecendo o Faustão.
Se o povo quiser, fará um grito de guerra.
A Globo não precisa fazer pelo povo, como se fosse uma "tia" de escolinha. Aliás, nas duas vezes em que ela quis ensinar alguma coisa, o resultado não foi nada bom.
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