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Menon

Pato merece carinho e análise isenta

Menon

10/08/2014 20h33

Cena 1 – Pato comemora seu primeiro gol como se fosse final de Copa do Mundo. Correi feito louco e pula sobre o escudo do São Paulo.

Cena 2 – Saída do primeiro tempo e perguntam a Pato sobre como é ouvir aplausos depois das vaias do último jogo. Ele responde o de sempre, não interessa qual seja a pergunta. "Eu trabalho muito, eu continuo trabalhando, vou trabalhar sempre".

Cena 3 – Final do jogo e por duas vezes Pato poderia dar um passe decisivo para os companheiros. Tentou fazer o seu terceiro gol.

Tudo se encaixa. Parece óbvio. Pato é cobrado exageradamente pela torcida do São Paulo. Querem duas coisas dele> 1) que tenha raça, que corra e morra como Alvaro Pereira. 2) querem que jogue de acordo com a fama que tem, de acordo com o salário que ganha.

Ora, é preciso ter cabeça no lugar. Pato não é – isso parece definitivo – o craque que poderia ser. Aquele jogador que seria o substituto de Ronaldo, Rivaldo etc não existe. Como também não existe mais Adriano. Por isso, Fred foi o titular na Copa. Pato não merece a grana que recebe. Mas a culpa é dele? Ele colocou um revólver na cabeça de Mário Gobbi para ganhar o que ganha?

A torcida do São Paulo precisa dar carinho a Pato. Ele jogou muito bem contra o Botafogo. Jogou muito bem contra o Vitória. Jogou mal outras vezes. Mas quem não joga mal no São Paulo?

Ele precisa ser cobrado pelo que é e não pelo que ganha. E o que é Pato? Um bom jogador, acima da média. Nunca será como Kaká. Mas também nunca será como Ademílson.

Cobrar dele futebol de craque e raça de uruguaio é um erro. Só atrapalha. Faz com que ele sinta a pressão, comemore loucamente, fale em trabalho e tente fazer mais gols, quando poderia dar bons passes. Pato é importante para o São Paulo. Pode ser ainda mais se a torcida entender que jogador ele é.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.