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Menon

#144 CBF, CAP e a ditadura contra a informação

Menon

08/09/2014 14h26

A segunda passagem de Dunga pela seleção tem, logo em seu início, a primeira mostra de que nada mudou quando se fala do entendimento do papel dos jornalistas. A decisão errada não foi explanada por Dunga, mas tem seu aval. Ao afastarem Maicon por indisciplina, recusaram-se a explicitar o que aconteceu. Acho correto. Independentemente do que aconteceu, é uma forma de preservar o jogador. Ao revés, dá permissão a que elucubrações sejam feitas. Elucubrações que, se publicadas, demonstrariam falta de profissionalismo dos jornalistas.

A tarefa dada pelos chefes aos repórteres é descobrir o que se passou. E nem precisaria ser dada. Todos já estão procurando a resposta. Então, depois de descoberto o segredo, os jornalistas analisarão e decidirão se deve ser publicado.

E aí é que está o erro da CBF. Gilmar Rinaldi, o novo chefe, disse que os jornalistas não deveriam perguntar aos outros jogadores o que aconteceu. Isso não é da conta dele. Ele pode pedir, exigir, obrigar os jogadores a não responder. Não pode nem sugerir que jornalista não pergunte. São trabalhos diferentes. Ele fez o dele – até mudou a forma de se comortar na hora do Hino Nacional – e nós fazemos o nosso. O nosso é perguntar para quem quisermos.

Essa falta de entendimento do papel da imprensa pode ter duas explicaçoes. 1) um desprezo pela profissão, vocês estão aí e fazem o que nós quisermos que façam. 2) achar que a imprensa está junto com a seleção, faz parte da delegação, "olha, estamos juntos, o que interessa é a seleção, para que tocar nesse assunto, vocês também dependem do futebol, se não fosse isso não estariam aqui etc etc…

Coisa de antigamente. Muito antigamente. Eu cobri a seleção pela primeira vez em 93 e ja não era assim.

E, no Paraná, o Furacão agiu novamente. Para cobrir jogos e treinamentos, empresas de comunicação estão buscando liminares na Justiça. Só quem paga os campeonatos é que pode cobrir. No jogo contra o Palmeiras, repórteres ficaram confinados a lugares pré-determinados e tiveram muita dificuldade para o trabalho.

Minha solidariedade a eles.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.