Se Romário é moderno, Inezita Barroso é eterna
Não sei se é pela colonização portuguesa ou pela extrema religiosidade – não sou sociólogo – mas a verdade é que nós brasileiros gostamos muito de um salvador da Pátria. Alguém que virá em um cavalo branco ou em um rabo de cometa para nos libertar de todos os males passados, presentes e futuros.
Com críticas contundentes aos gastos da Copa, com seu enfrentamento a Ronaldo – então homem forte da Copa, ligado ao governo – com gritos contra a Fifa, Romário ganhou o título de "São" de 2014. São Romário, o Salvador. Romário, o boquirroto. Romário Senador. Um olhar mais atento, porém, mostra Romário autor de ações tão atrasadas quanto aquelas que condena.
Sua participação nas eleições, por exemplo. Criticou Dilma e montou chapa com Lindbergh, do PT. No último ato de Marina Silva antes do primeiro turno – desesperado ato – uma carreata fracassada no Rio, Romário fez forfait. Não deu as caras. E logo, com a passagem de Aécio para o segundo turno, correu a aderir. E negociou com…Ronaldo, aquele que tanto criticava.
Uma característica da personalidade de Romário é a de que não deixa amigo na estrada, como explica o amigo Paulo Júlio Clement. É grato a Luiz Estevão, que deu oportunidade a seu filho Romarinho no Brasiliense. É grato a Eurico Miranda e o apoia na eleição do Vasco. Mas e o Ameriquinha? O time a quem prometeu ajuda – em homenagem ao falecido pai, Edevair, torcedor do clube – e que deixou de lado. O Vasco dá mais votos?
O futebol brasileiro tem salvação. Mas ela não virá de salvadores como Romário, com prática dissociada do discurso. Romário é tão moderno quando Inezita Barroso, de 89 anos, há 34 no comando do Viola, minha viola na TV Cultura, comandando um nicho da música brasileira, um tipo de música brasileira que só encontra guarida ali, com Inezita.
Aliás, Inezita não é moderna. É eterna. Como é eterno o craque Romário. O político, não.
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