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Vice do SP quer mudar nome do Morumbi, 3ª camisa e distância de Itaquera

Menon

13/01/2015 17h01


Douglas Schwartzmann, 52 anos, vice-presidente de marketing do São Paulo é um homem ousado. Na luta por buscar dinheiro para o clube, aceita meter a mão em um grande vespeiro: levar ao Conselho Deliberativo do clube a mudança do nome do Morumbi. Deixaria de ser Cícero Pompeu de Toledo para ter o nome da empresa que se dispusesse a pagar pelo menos R$ 20 milhões por ano ao clube. A modernidade empresarial não combina com o conservadorismo familiar. "Filha minha não namora palmeirense e nem corintiano", diz.

A seguir, partes da entrevista.

O presidente Carlos Miguel Aidar gosta de trabalhar com metas. Quais são as suas?

Aumentar as receitas de patrocínio em 20% e diminuir as despesas também em 20%. É possível falar em arrecadação de R$ 50 milhões por ano, talvez até R$ 60 milhões.

Como conseguir isso, com a economia patinando?

Estamos adotando uma postura mais de varejo. Os valores que patrocinadores pagavam antes se tornaram irreais? Sim, então vamos aumentar o número de patrocinadores, com um sistema de rodízio. Com 10 parceiros, podemos arrecadar R$ 20 milhões por ano. E buscar novas fontes de renda.

Quando o senhor dirigia a comunicação, alcançou bons resultados. Isso vai garantir mais dinheiro?

Sim, é lógico. Assumi em abril e o clube tinha 160 mil seguidores no instagram e agora tem 322 mil. A pagina do facebook tinha 4 milhões de curtidas e passou a ter 6,2 milhões. E dois milhões são engajados, com muita interação. O Boca, que é um exemplo, tem 1 milhão de engajados. No twitter, estamos chegando a 2 milhões de seguidores. Isso permite a veiculação de propaganda como nos sites de famosos. Já fomos procurados por algumas empresas. E também há o wifi no Morumbi.

Como foi esse projeto?

Vai ser inaugurado dia 23 de janeiro no show do Foo Fighters. Fizemos um acordo com a empresa Linktel, muito importante, que está presente em grandes aeroportos, shoppings e hotéis. Eles instalaram o sistema wifi em todo o Morumbi, com um custo para eles de R$ 6 milhões. Para nós, foi de graça. E do que faturarem com propaganda, teremos direito a 15%. Eles esperam faturar R$ 1,5 milhão por ano

E quanto significa tudo isso em reais?

Somando o wifi, as redes virtuais e nossa revista, que está no segundo número e teve mais de 30 mil downloads, esperamos ter R$ 1,6 milhão por ano.

O senhor pretende levar a proposta de naming rights ao Conselho. Existe a possibilidade de aceitarem a troca do nome Cícero Pompeu de Toledo?

Vou levar, sim. Estamos fazendo um bom projeto e conselho vai entender que o mundo mudou. E ninguém chama o estádio pelo nome, todos falam Morumbi. E também podemos vender o nome do CT da Barra Funda. Há outras maneiras de homenagear grandes são-paulinos. Com a venda do nome do Morumbi, é possível conseguir até R$ 30 milhões por ano, porque não se trata só do nome, há um grande projeto de comunicação visual que pode ser instalado no estádio.

E a terceira camisa?

Já tenho até um projeto, mantendo as cores do clube. No primeiro momento, não usaria azul ou amarelo, como Barcelona, mas depois, pode ser. Assim que se decidir quem será o próximo fornecedor de uniformes, trataremos desse assunto.

É difícil aprovar no Conselho?

Sim, mas vamos lutar muito.

O Morumbi ainda é uma unidade geradora de negócios, agora com o Itaquerão e a Arena Palmeiras.

Não mudou nada. O São Paulo faz quatro shows por ano e já tem cinco garantidos para 2015.

Não perde nada?

Só alguns shows pequenos ara o Allianz Arena. Mais nada.

Mas o show do Paul Mccartney não é pequeno.

Não é. Tem razão. Mas eles cobraram R$ 200 mil. Nossos shows custam R$ 1 milhão.

E o Itaquerão?

Não vai ter nada lá. Olha, você deixaria um filho seu ir ao Itaquerão?

Pelo que vi na Copa, sim, sem dúvida. Transporte rápido e seguro.

Ah, na Copa. Vamos ver no Paulistão. Olha, não sou preconceituoso, gostaria que houvesse segurança na cidade toda, mas não é assim.

Então, o Morumbi é melhor?

Muito melhor. É um estádio retrô e charmoso, como há muitos na Europa. Os vizinhos do Morumbi são o Palácio do Governo e o Einstein. O Itaquerão vai demorar 30 anos para chegar ao ponto em que estamos. Quando eu era garoto, meus primos do Alto da Lapa sofriam para chegar ao Morumbi. O Itaquerão é assim.

Você já foi ao Itaquerão? Sabe como é fácil chegar?

Olha, eu não fui e nem quero ir. Fiz uma promessa de nunca pisar lá.

Não é preconceito, não?

De jeito nenhum. Tenho amigos corintianos. Quando estou por cima, brinco com eles. Quanto estou por baixo, aguento. Não tenho nenhum problema em contratar um gerente corintiano ou palmeirense, mas a paixão deve continuar sempre. Contrato gerente corintiano mas filha minha não namora corintiano. E nem palmeirense.

Mudando de assunto, e o programa sócio-torcedor?

Vai ser muito mudado, vai ser muito atrativo. Terá prêmios, informação e outros atrativos. Temos 18 milhões de torcedores. Podemos ter 1 milhão de sócios torcedores, o que pode render R$ 30 milhões por mês ao clube.

Mas o estádio tem capacidade para ter 60 mil pessoas. E se todo sócio quiser ir ao jogo?

Não é assim, você sabe bem sabe que não é. Podemos ter sócios em Cuiabá, Londrina, no interior de São Paulo. Nem todos querem ir ao jogo, querem ter proximidade com o clube. Vamos oferecer muita coisa. Tem também a gameficação.

O que é isso?

É fazer projetos com marcas determinadas para jogos. Imagine que o UOL queira fazer uma ação de marketing para o público que estiver na parte superior esquerda da arquibancada. Então, pintamos com a cor do UOL para aquele jogo. Um torcedor fica diferente do outro, tem tratamento especial para aquele jogo.

 

É assim que se fideliza o sócio torcedor?

Olha, ajuda, mas o melhor jeito de manter o sócio torcedor é ganhando campeonatos ou ficando perto das decisões. É a forma mais segura. E mais gostosa também.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.