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CRAQUE DA RODADA - Danilo, o craque que o Brasil esqueceu

Menon

09/02/2015 13h04

Em um mundo onde o culto à personalidade é algo que vai dos adolescentes que vendem a mãe por um pau de selfie a atletas seguidos como Cristo ou Buda nas redes sociais, o pequeno brinco na orelha direita de Danilo não faz diferença alguma. Ele continua com aquela cara comum do feirante que vemos todo domingo, do bancário que puxa assunto sobre futebol, de expositor das lojas Marabrás….

Ou então aqueles filmes de mafiosos ou terroristas em que o assassino tem aquela cara de paisagem, aquele perfil baixo que ficaria melhor no contador da firma.

Não se engane. Danilo não é nada disso. É um assassino frio. E prefere matar gente importante. Foi assim no Goiás, foi assim no São Paulo e está sendo assim, há tempos, no Corinthians. No Japão, eu não sei. E não faz a menor importância. Estou meio cansado dessa conversa de analisar jogador pelo que fez fora do Brasil.

O gol contra o Palmeiras foi fácil. Ele só empurrou a bola para o gol. Mérito maior foi de Petros, esse sim um midiático que fala mais do que joga. Maldade dizer que a participação de Vitor Hugo foi mais importante que a de Danilo?

Não interessa. Não estou falando aqui de Danilo por causa do gol no clássico. O gol no clássico foi apenas o mote para se lembrar de como ele continua fundamental. Forte na cabeçada, tem um chute de direita fatal. Principalmente, quando está no canto esquerdo do campo e faz o giro. É capaz de passes perfeitos. E também de carrinhos precisos.

E se engana muito os que se acomodam quando Danilo vagueia pelo campo como se estivesse dormindo. Ausente, catatônico, pensando na morte da bezerra, preocupado com a restituição do imposto de renda que não chega. Não caia nesse conto, amigo. É nesses jogos que Danilo saca um coelho da cartola, busca um desvio salvador, um bico, um chute. Um gol sempre sai.

A carreira constante e digna de Danilo permite que se diga azar da seleção quando se lembra que ele nunca esteve lá, nunca usou a amarelinha que já foi vestida por Bismarck Doriva e quetais.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.