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Pato ou Jadson? E o triste papel dos "professores" milionários

Menon

02/03/2015 14h37

Quem lucrou com a troca entre Pato e Jadson. Eu analiso sob dois aspectos. No primeiro, empate. No segundo, também, mas podendo mudar.

Primeiro aspecto – Os dois clubes lucraram ao se livrarem dos micos. Jadson era um jogador sem ânimo e sem personalidade. Fez corpo mole e estava gordo. Pato era um jogador que não entendia o clube que defendia. É só lembrar do pênalti com cavadinha no jogo contra o Grêmio. Errou e o time foi eliminado. Alguns jogos depois, fez um gol de pênalti em um jogo sem valor e comemorou como se fosse a redenção. Já não havia redenção para ele. Estava queimado com uma torcida que adora jogadores como Ezequiel, Basílio e Geraldão. Ama a raça.

Segundo aspecto – Jadson começou melhor, Pato ultrapassou e agora os dois estão jogando bem. Nâo sei o que virá. É um empate que pode mudar. Depende muito dos professores Tite e Muricy.

E, voltando ao primeiro ítem, o mau momento de Pato e de Jadson, que resultou na troca, tem a ver também com a atitude dos professores de então, Ney Franco e Tite. Não é culpa deles, exclusivamente, mas também é culpa deles.

A conquista da Sulamericana em 2012 coincidiu com a saída de Lucas. O São Paulo jogou com: Rogério Ceni; Paulo Miranda, Rafael Toloi, Rhodolfo, Cortez; Wellington, Denilson, Jadson, Lucas; Willian José e Osvaldo. Para todo torcedor, 2013 seria um bom ano e a saída de Lucas seria compensada com a chegada de Ganso. Bastava mudar o esquema. Abandonar o 4-2-3-1 e abraçar o 4-2-2-2- com a dupla Jadson e Ganso.

E o treinador Ney Franco, em entrevista que fiz no início do ano, disse que não. Que o esquema seria mantido, com Ganso e Jadson disputando uma vaga, como o armador pelo centro.

Decifrando. Um dos dois melhores jogadores do time seria reserva o outro. Você tem dois acima da média e não consegue fazê-los jogar juntos. Um tem de ser reserva do outro, porque os dois juntos não cabem em seu esquema. E eu pergunto a vocês. com o  Jadson joga agora? Joga com Renato Augusto mais Elias mais Emeerson em uma linha de quatro meias. Ou com Danilo.

Com Ney Franco, era impossível jogar. Por definição. Por opção tática. Com Tite, joga. E bem. Cá entre nós, Tite também demorou para perceber o valor de Jadson. Era reserva do apagadíssimo Lodeiro.

E Pato? No Corinthians, não jogava. Tite não achou um lugar para ele. Achou para Romarinho. No São Paulo, na estreia do Brasileiro do ano passado, Pato fez uma partida espetacular. Foi um 3 a 0 contra o Botafogo e o time jogou com Ceni, Douglas, Antônio Carlos, Rodrigo Caio e Alvaro Pereira, Souza, Maicon, Ganso, Pato, Boschilia e Luís Fabiano. Os gols foram de Douglas, Antônio Carlos e Luís Fabiano.

Era um 4-2-2-1-1, com Pato sendo o segundo atacante, vindo de trás e servindo Luís Fabiano. Jogou muito, deu passes, chegou no ataque e finalizou.

Quando o São Paulo contratou Alan Kardec, a dupla Luís Fabiano mais Pato passou a ser considerada um palavrão. Muricy buscava números e mais números para mostrar um rendimento de Kardec que ninguém via. Kardec recompõe, Kardec fecha espaços….

Alias, fazendo uma digressão. Quando se quer elogiar alguém que não está jogando nada é só dizer que ele recompõe. Uma palavra mágica.

Só agora, passado um ano, Muricy chegou à conclusão que Pato e Fabuloso podem jogar juntos. Que recompor é bom mas não é tudo.

Repetindo: Pato e Jadson são culpados por grande parte do que viveram. Pato por se ausentar dos jogos e Jadson por entrar em crise após a Copa das Confederações. Ele e Osvaldo. Pensavam mesmo que iriam ao Mundial? Bem, se o Bernard foi….

Mas os treinadores Ney Franco, Muricy e Tite também erraram. Não conseguiram adaptar os jogadores de bom nível técnico às suas verdades absolutas. Entre elas, a impossibilidade de se ter dois meias jogando jutos e a  necessidade suprema que os atacantes precisam ter de saber conjugar o verbo recompor. E pensar que o mais pobrezinho dos três ganhava trezentinhos por mês, 10 paus por dia….

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.