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Menon

Juvenal e o túnel do tempo

Menon

08/04/2015 18h30

VOLTA PRA MOOCA

O grito, a plenos pulmões, bem atrás de mim, assusta

AQUI É BARRA FUNDA, AQUI É NACIONAL

continua o torcedor (sim existe) feliz com os 2 a 0 sobre o Juventus no clássico Juvenal.

Sabe a história de que a torcida do Juventus cabe em uma Kombi? Pois a do Nacional lotaria outra. Há equilíbrio entre os 645 torcedores que deixaram renda de R$ 8 mil e pouco no estádio Nicolau Alayon.

juvenalO estádio poderia ser chamado de aldeia gaulesa, de peça de resistência diante da especulação imobiliária. Os prédios em volta, olham para o campo como se ali, em breve, fosse nascer um novo espigão.

Não é bem o caso. Há muita pressão. Um dirigente do clube diz que nada será vendido, mas promete coisa tão ruim quanto. A ideia é imitar o Palmeiras e fazer uma arena para 12 mil pessoas.

Rodolfo (nome fictício), da barulhenta torcida do Juventus, escuta a conversa e pede pelo amor de Deus para que não se mude o Nicolau Alayon. Diz que o Palmeiras se vendeu e que agora só há a rua Javari, o estádio do Nacional e o Pacaembu como testemunhas de um tempo que insiste em passar.

Ele dá entrevista escondido. Sua torcida se recusa a falar com o que chama de grande mídia. Dizem que nunca são ouvidos, retratados ou noticiados a não ser em matérias não factuais. Sonham com noticiário factual e juram que todos os 50 são torcedores do Juventus. Nada de segundo time.

O Juventus, de Gil e Adiel, é dominado no segundo tempo, quando o Nacional já contava com apenas dez. Alan, o volante havia sido expulso. Na saída, é ofendido pela própria torcida. "Volta para Cotia, seu bambi".

Alan é um dos três sobreviventes do acordo com o São Paulo. Vieram sete jogadores mas apenas três foram incritos. Mirrai, expulso no último jogos e o zagueiro Poldoro, titular, ficaram.

Fim de Juvenal. Torcedores, que estavam próximos na arquibancada, agora estão juntos e falando sobre o futuro de seus times. E fica a dúvida: como alguém pode pensar que um jogo desses foi feito para arenas? Seria a perda de toda motivação de uma cobertura de imprensa.

O futebol de bairro não sobrevive a modernidades. São incompatíveis.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.