Topo

Menon

PM e Globo querem mandar no futebol

Menon

07/05/2015 19h22

Duas matérias aqui do UOL causariam muita estranheza em outros países. Países mais conservadores em que cada entidade cumpre a sua obrigação e apenas ela. A PM é responsável pela segurança dos estádios. E dos torcedores, muitas vezes tratados como inimigo. E a Globo deve transmitir jogos. A PM é paga para dar segurança. A Globo paga para transmitir. Simples, não é?

Aqui, não, como mostraram o Bernardo Gentile e o Vagner Magalhães, repórteres aqui do UOL. O Bernardo conta que a emissora de televisão se irritou com a decisão do Botafogo, que escalou reservas para enfrentar o Capivariano na Copa do Brasil. Decisão que se mostrou correta, pois o time venceu os dois jogos. Preocupada com a audiência cadente, a rede de televisão queria que os titulares entrassem em campo.

Querer, pode. Tanta gente quer tanta coisa impossível. A Globo não pode definir quem joga. Mesmo que empreste dinheiro e adiante cotas a associações mambembes. Já não é suficiente que o futebol só comece depois do final da novela? O Botafogo também é um alvo frágil. Seu ex-presidente, Maurício Assumpção, quando do processo de ruína do Clube dos 13, portou-se como um serviçal da rede e não do clube. Disse que seria melhor continuar com a Globo, mesmo que fosse receber menos dinheiro do que na Rede TV.

A história contada pelo Vagner Magalhães é triste. Heraldo, um sergipano torcedor do São Paulo desde 1988, resolveu deixar de ser anônimo. No peito, sempre descoberto, pinta o escudo do time. É a sua paixão. É a sua decisão. E ela foi desrespeitada. A PM impediu que ele entrasse no jogo com o símbolo no peito. Decidiu porque quis. Porque sim. E acabou.

Heraldo tentou argumentar e não convenceu os policiais. E num gesto de resistência passiva, resolveu deixar o jogo. Não viu seu time, pela primeira vez em muitos anos. Saiu de cabeça alta do processo.

Ah, como seria bom se cada um fizesse seu papel. O técnico escalasse o time, a tv transmitisse e o torcedor, que optasse pela ida ao estádio tivesse proteção para expressar a paixão, pela forma que fosse.

Fácil, não?

Não.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.