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Menon

Oswaldo escala o Palmeiras como se fosse uma adolescente gordinha

Menon

24/05/2015 13h13

A cena é clássica. A adolescente não admite que tem corpo 42. Para a mãe, pai, amigas, namorado e para ela mesmo, diz que usa 38. E compra roupa 38. Deita-se na cama e tenta vestir a calça. Como uma segunda pele. É difícil, mas ela tenta. Rola de um lado para outro, se contorce, empurra a barriga, pede ajuda para um e outro…e entra. Vai para a rua se divertir e não consegue. Sente dores no corpo e, quando, de volta ao lar, desabotoa a calça, sente aquele alívio. E tem marcas perto da barriga.

Oswaldo de Oliveira quer que o Palmeiras jogue no 4-2-3-1. Talvez no 4-1-4-1. O que muda é o posicionamento de Robinho, ou como segundo volante ou como quarto meia. O que não muda é a presença de um único atacante. Ficou claro na primeira substituição que fez: tirou o único atacante Leandro para colocar outro atacante, Cristaldo. Por que não os dois juntos? Por que não usar 42 e ficar refém do 38?

Além da SAU – síndrome do atacante único que também atinge Milton Cruz – o esquema do Palmeiras tem outros problemas.

1) Robinho como segundo volante não convence. O time fica vulnerável.

2) Valdivia como meia central, não convence. Não chuta a gol. E não tem jogado nada há muito tempo.

3) Zé Roberto não me parece jogador para 90 minutos.

4) Para quem quer jogar com um centroavante só, é preciso ter um bom. Cristaldo, Leandro Pereira e Leandro são fracos.

Por que não jogar com Gabriel e Amaral protegendo a defesa? Robinho, Kelvin e Zé Roberto na armação e um centroavante? Ou então, Kelvin como segundo atacante. Ou Cristaldo e Leandro no ataque e Kelvin atrás, saindo Zé Roberto?

Oswaldo não muda. Só no desespero, como no final do jogo contra o Goiás, Tirou Gabriel e colocou Robinho como único volante. Valdivia e Alan Patrick na armação e três atacantes – Kelvin, Leandro e Cristaldo.

Em sua apresentação no Palmeiras, Oswaldo disse que precisava de jogadores obedientes e combativos. Assim, havia feito sucesso no Japão.

Ele me parece muito dominado pela obsessão japonesa por ordem e obediência. Ele mesmo é refém do esquema que considera perfeito.

E a beleza do futebol é a capacidade de mudança. Um técnico não é pago para que os jogadores se adaptem ao que ele considera a única situação de jogo possível.

O corpo tem de se adaptar à calça. E não o contrário.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.