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Adriano Diogo: "José Maria Marin é um assassino da humanidade"

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27/05/2015 12h05

Adriano Diogo, deputado estadual de São Paulo na última legislatura, caracterizou-se como um grande adversário de José Maria Marin, então presidente da CBF. Presidente da Comissão de Justiça, ele conseguiu um áudio que mostrava José Maria Marin, em 1973, apoiando a prisão do jornalista Wladimir Herzog, que, após o pedido de Marin ser atendido, foi assassinado no Doi Codi.

Falei com ele sobre a prisão de Marin e outros ex-dirigentes de futebol da América do Sul. Diogo não se mostrava feliz. Ao contrário, havia uma certa decepção por Marin não ter sido punido no Brasil

O que achou da prisão de José Maria Marin?

Primeiro, quero deixar claro que considero José Maria Marin um assassino da humanidade. Na época da ditadura, havia um jornal chamado Shopping News. Nele, o jornalista Cláudio Marques tinha uma coluna. E pedia a prisão de Herzog, que ele considerava culpado pelo viés de esquerda na Tv Cultura. Então, na Assembleia, os deputados Wadih Helou e José Maria Marin, com um discurso de ódio, citavam Cláudio Marques e também pediam a prisão de Herzog. Conseguiram a prisão. e o assassinato.

Mas foi justa?

Não entendo de futebol, não sei se é justa ou não. Sei que ele ajudou no assassinato de Herzog. Eu gostaria que ele fosse preso no Brasil por causa deste crime. Foi triste ver a Copa no Brasil com este homem no comando da CBF. Eu via a repugnância e a ojeriza que a Dilma tinha dele.

Acha que ele vai passar por interrogatórios tão duros como aqueles que apoiava?

FBI é igual a Oban. Não me dá alegria e gáudio esse tipo de interrogatório. Não é bom para ninguém.

Por que ele não foi preso no Brasil?

Pelo mesmo motivo que outros não foram. Quem matou na Ditadura, quem torturou na Ditadura, quem delatou na Ditadura, todos estes, receberam um salvo conduto. Os criminosos da Ditadura continuaram atuando na Democracia. Nada mudou para eles.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.