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Brasil precisa de Burruchaga, Valdano e Ruggeri

Menon

19/06/2015 06h06

Maradona e Garrincha ganharam Mundiais "sozinhos", o argentino em 1986, no México, e nosso gênio mulambo no Chile, em 1962. Há um certo exagero na frase. O desempenho de Garrincha foi excepcional, com direito a gol de cabeça e com a perna esquerda. Pelé estava machucado, mas havia Didi, Zito, Mauro, Nilton Santos, Djalma Santos e Gilmar.

A corte de Maradona era mais "pobrinha". Ele teve de tirar o máximo de sua genialidade. Como o mais belo de todos os gols, no dia 22 de junho, quando foi driblando ingleses desde o seu campo, até definir contra Shilton. Maradona recebeu, ainda no seu campo, o passe de Henrique, um passe de dois metros e saiu costurando. Henrique, em tom de brincadeira, sempre disse que foi assistência sua.

Mas, mesmo com toda a genialidade de Maradona, outros jogadores souberam dar sua contribuição. Valdano fez quatro gols e Burruchaga, dois, inclusive o gol do título. Jogadores de personalidade.

Se a corte de Garrincha tinha craques, se a de Maradona tinha gente que cresceu na Copa, a de Neymar é inexistente. Eu só consigo me lembrar de um aporte futebolístico importante e decisivo no jogo de estreia na Copa do Mundo, através de Oscar. Um gol até parecido com o de Burruchaga.

Gente como Willian, Firmino e Douglas Costa não tem futebol para brilhar. E nem personalidade. Não conseguem ajudar Neymar. Firmino e Douglas Costa seriam titulares do Peru? Nunca no lugar de Guerrero. E de Farfán? Entendem o drama. Nossos atacantes são do nível do Peru, país que vive uma infindável crise futebolística depois de brilhar de 70 a 82, com a famosa geração de Sotil, Baylon, Perico León, Teófilo Cubillas e Gallardo.

Se pelo menos tivessem personalidade, aguerrimento….Mas o brilho de Neymar ofusca e não atrai. Culpa de Neymar? De Dunga? Dos jogadores? Não sei. O que sei é que não conseguem ser coadjuvantes. Neymar é sol. Eles são eclipse.

E, se falta um companheiro, ao menos, de nível aceitável, o que dizer da liderança? Como Pelé teve Zito. E como Maradona teve Ruggeri.

Maradona era o capitão. Por isso, também por isso, Passarella deixou o time. Eles se detestam até hoje. Houve uma trégua apenas quando Diego pediu a Passarella para visitar o velório de Sebastián, seu filho, morto em um acidente automobilístico.

Era o capitão, mas tinha o respaldo de Oscar Ruggeri, o Cabeção. Ruggeri sempre foi um jogador forte, de personalidade, um típico patrão da área, bem ao estilo argentino-uruguaio. Quem o Brasil tem?

Miranda, um zagueiro de bom futebol e que tem dificuldade até para dizer um bom dia. Muito calado.

Thiago Silva, considerado por alguns como o melhor do mundo, jogador técnico mas de liderança zero. Seu choro constrangedor na cobrança de pênaltis contra o Chile, foi seu ato final como capitão. Nada contra o choro. Mas não pode ser capitão.

David Luiz, o grande engano. Zagueiro sem noção de posicionamento, sai da área para "caçar" e a caça escapa. Gosta de atacar e não volta. Mourinho o colocou no meio-campo. Alguma razão tinha. E é marqueteiro, com aquelas caretas infantis e bobinhas.

Se o Brasil tivesse um Valdano, um Burruchaga e um Ruggeri, seria um time pior do que aquela seleção argentina campeã do mundo de 86, com um futebol solidário e feito para o gênio brilhar. Nota: Neymar não é Maradona.

Se o Brasil tivesse aquela corte de Garrincha….Ah, deixa para lá.

É apenas um retrato na parede, como Drummond falou de sua Itabira.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.