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Valdivia não quis ser ídolo no Palmeiras.

Menon

26/06/2015 15h03

Os filhos de Jorge Luis Toro Valdivia, chileno nascido na Venezuela, não terão problemas financeiros na vida. Os netos também não. O papai/vovô foi jogador profissional de futebol em uma época de salários altíssimos. Exerceu sua profissão em uma quadra em que o ato de tratar bem uma bola de 454 gramas era saudado no mundo todo.

Conseguiu ser titular – e ganhando bem – em um país em que o toque de bola, em que o jogo bem jogado sempre foi tratado com respeito e admiração.

Valdivia jogou em um gigante brasileiro. Ainda joga, apesar do anúncio do time dos Emirados Árabes Unidos. Ajudou o Palmeiras a ganhar dois títulos.

Imaginemos, então, uma visita de seu filho ao Brasil daqui a 20 anos.  E seu encontro com um torcedor palmeirense dos dias de hoje.

Muito prazer. Meu pai jogava no Palmeiras.

Ah, que bom. Eu sou palmeirense. Qual o nome dele?

Jorge Valdivia.

ENTÃO, O FILHO DE VALDIVIA PODERIA RECEBER DOIS TIPOS DE RESPOSTA:

Caramba, seu pai era craque

Ah, tá. Tremendo chinelinho.

Fico pensando em como um jogador pode jogar fora a chance de se tornar um ídolo. Como deixar de lado a possibilidade de ser lembrado eternamente, como Marcos. Ou tantos outros que fizeram o Palmeiras ser o gigante que é.

Valdivia joga bem. Esteve no Palmeiras em uma época de torcedores carentes, loucos por um título, ansiosos por amor e respeito.

Tinha tudo na mão e nos pés. E o que se viu foram gols e passes decisivos juntos com uma certa má vontade, uma larica total, a falta de vontade de treinar, a irresponsabilidade de expulsões. Aquela insegurança do torcedor nos momentos mais angustiantes.

Em relação a Valdivia, o "será que agora vai" foi muito mais presente do que o "agora vai".

Vadivia preferiu ser rico a ser ídolo. E poderia ser os dois. Aliás, quanto mais ídolo, mais rico.

PS – Como não sou maniqueísta, deixo claro que considero corretíssima a posição de Valdivia em relação a ganhos por produtividade. Se queremos o profissionalismo no futebol, não podemos aceitar isso. Alexandre Mattos e Brunoro, que propuseram isso, ganham por produtividade?

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.