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Menon

Azeita e o sorriso que não acaba nunca

Menon

14/07/2015 09h07

azeitaAlô

Menon, é o Rogerinho, o Azeita

Faala, meu filho

Antes de mais nada, queria saber se você continua mal-humorado e resmungão

VTNC, viadinho

A conversa continuou. Fazia tempo que a gente não se falava. Ele estava pedindo o telefone de Sandro Hiroshi para uma matéria. Prometemos nos falar mais. E não cumprimos, é lógico. Sempre é assim.

Meses depois, há poucos dias, estava vendo uma novelinha. Sereno, capanga do Grego, foi cantar a secretária de Gabo. E disse: entra aqui no meu fusquinha verde, entra. Vem aqui no meu Azeitona.

Ri muito. O apelido Azeita tinha vindo de um fusca verde do Rogerinho. Pensei em ligar para ele. Provavelmente não ligaria. Ninguém liga nunca. É como naquela música Sinal Fechado de Paulinho da Viola, o Deus da Raça.

No dia seguinte, estava chegando ao hotel em Natal, depois de um dia de praia e recebi a mensagem da Bia Gomes. Bia joga futebol muito bem. Era a melhor jogadora do time da Revista ESPN. O Azeita era técnico do time dela, o Potenza. E a Bia me contou que não havia mais Azeita.

Eu o conheci nos treinos dos clubes paulistas. Sempre tinha uma piada, sempre tinha um sorriso. Em 2000, fui trabalhar no Jornal da Tarde e ele me recebeu muito bem. Fazia parte da ala jovem, com a Erika e o Gabinho. Logo, saiu para a aventura da PSN. Em 2006, saí do JT e o encontrei no Agora. Novamente, me tratou com muita alegria.

Fomos cobrir, juntos, o segundo jogo do Fenômeno pelo Corinthians, contra o Palmeiras, lá em Prudente. Tiramos umas fotos ridículas com chapéu de caçador. Não compramos e nem tenho a foto. Ele deu um show na cobertura, tinha uma entrada muito boa com o pai do Keirrison, do Palmeiras. Estava com um problema no computador e ele veio até o meu quarto. Trabalhamos juntos.

Azeita era assim. Para ajudar alguém não mandava recado. Ia até a pessoa, fazia o possível. Fui até sua casa para comer quibe. O cara era fera a cozinha. Conheci sua noiva, sua irmã e a família da moça.

Depois, ele saiu do Agora, eu também saí e não nos vimos mais.

É inacreditável e inexplicável uma pessoa de 41 anos, do bem e com um filho de ano e pouco morrer. Não há consolo. Nem o fato de ser lembrado para sempre pelo caráter e pelo sorriso. Azeita está guardo para sempre na sinceridade do nosso cantinho da saudade.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.