Trajano. Tijucano. Americano.

Eu queria ser o Trajano. Bem, nem tanto assim, porque sou muito mais bonito que ele.

Mas a inveja não é pela estética. Queria ser o Zé Trajano porque ele me lembra o Muhammad Ali, que bailava como borboleta e picava como abelha. Trajano consegue exprimir toda sua indignação sem deixar de lado o jeito bonachão. Parece estar sempre em um botequim.

Eu já não sou assim. Sou meio rancoroso, não consigo ter essa postura da cobrança acima do ódio, de mostrar o erro sem ficar irritado com a resposta.

Gosto do Trajano porque ele é sempre o cara que mostra que o rei está nu, o cara que desafia a banda dos contentes, que marcha com o pé errado. No Tiro de Guerra, eu também marchava com o pé errado, mas era literal. Confundia direita com esquerda.

Também gosto dos comentários do Trajano. Ficam longe da numeralha, ele não dá a impressão de estar lendo um livro do Cid Guelli na tela da televisão.

Também sou solidário com suas paixões. O futebol, pelo menos no meu mundo ideal, precisa de Américas e não precisa de Red Bull. Um ótimo patrocinador, mas um time de futebol.

Por isso tudo, fiquei feliz com a lembrança dele. Não fui ao lançamento de seu livro – nem sei o motivo – mas recebi um exemplar autografado.

O resultado é que, quando for ao Rio na próxima vez, antes de desfilar em Ipanema ou Leblon, vou conhecer a Tijuca. Já conheço um pouco dela através do livro que estou lendo.

Talvez, além do Trajano, eu me encontre com Hélio Palavrão, Zoraia, Pai Santana, Cacetão, Joãozinho da Gomeia, Pau Preto, Leônidas da Selva, Amaro…..