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Caso Dudu comprova mais uma vez que STJD não é algo sério

Menon

09/09/2015 10h50

Quando um jogador de time grande agride um árbitro, está lançada a senha para a comemoração. Todos podem ficar tranquilos. Mesmo que punido exemplarmente, não cumprirá o que o tribunal determinou. Foi assim com Petros. É assim com Dudu, acusados, respectivamente, de agredir os árbitros Raphael Claus e Guilherme Ceretta de Lima.

O modus operandi da defesa é sempre o mesmo. Começa com o efeito suspensivo, uma excrescência. Há tempos, Edmundo estava disputando, pelo Vasco, um mata-mata. Levou um amarelo – o terceiro – que o deixaria fora do segundo jogo. Automaticamente estaria fora. Eurico Miranda determinou que Edmundo fosse expulso. E o jogador prestou-se ao papel ridículo. Tentou colocar a mão na bola, constrangidamente empurrou companheiros. Fez de tudo. Levou o vermelho. Eurico entrou com o tal efeito suspensivo e ele pode jogar.

Ora, o efeito suspensivo só existe porque o STJD e seus pavões emplumados demoram para julgar. Se no dia seguinte houvesse o julgamento, não haveria efeito suspensivo. O clube teria de recorrer a um novo julgamento, que demora. Mas, não. Existe a suspensão automática e o tal efeito suspensivo. Uma chicana jurídica, que só faz mal ao futebol

Voltemos à suspensão por agressão ao árbitro. A tática antiga é descaracterizar o caso. Os advogados dizem que não foi agressão. Argumentam que foi ato hostil. E a pena que é contada em dias passa a ser de alguns jogos. Outra chicana.

E agora os advogados do Palmeiras recorreram a uma terceira tese. Chama-se transação – que não se perca pelo nome – e permite um acordo. Em nome do bom comportamento, a pena é diminuída.

Só para lembrar: muita gente clama que é duro ficar seis meses sem trabalhar por uma punição. Concordo, mas seis meses é a pena mínima para agressão. Ou seja, o tribunal esportivo coloca uma pena fora da normalidade, duríssima, para que ela seja, com complacência, do próprio tribunal, desfeita.

Eles próprios, cheios de vossas excelências para cá e datas vênias para lá descaracterizam e ofendem a Justiça com letra maiúscula.

O texto aqui não é para falam mal de Dudu ou de Petros. É para falar de uma tribunal de justiça que prefere a chicana jurídica à aplicação da lei.

Quanto aos dois casos, minha opinião é a seguinte.

1) houve agressão, sim.

2) a agressão de Dudu foi mais violenta

3) a agressão de Petros foi premeditada. Ele muda a direção da corrida para "trombar" com Claus.

4) Acho que seis meses é muito. Mas, como ninguém cumpre, deveriam dizer que a pena mínima é dois anos, cinco anos, prisão perpétua. Daria mais medo. Seria mais ridículo.

5) No início do ano, os jornalistas além de analisarem os jogadores contratados, os dispensados, o novo treinador precisarão saber também se os advogados do clube são bons ou ruins, quantos casos ganharam, quantos perderam etc etc. A escalação do clube deveria trazer os 11 jogadores, o diretor de futebol – essa figura mítica – e o nome dos advogados.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.