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Estevam prepara a Lusa para uma guerra

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25/09/2015 10h00

estevamUma vitória contra o já eliminado Tombense no domingo classificará a Portuguesa para a fase final da Série C. Em terceiro lugar e até mesmo em segundo, caso ocorra a improvável vitória do Brasil de Pelotas sobre o Tupi, em Juiz de Fora.

A Lusa se prepara como se fosse à guerra. Desde segunda-feira, o time treina debaixo de um calor imenso, a partir das 16 horas. Os jogadores correm muito, ouvindo o recado rouco do treinador Estevam Soares. "Faltam 72 horas para o jogo. Vai ser assim, como hoje. Daqui a pouco vão faltar 48 horas, depois 24…"

Há um descanso. Os jogadores tomam água. E voltam os gritos. "Vamos voltar, vamos voltar. Com a mesma intensidade. No domingo, nosso segundo tempo vai ser tão forte como o primeiro. Nada vai mudar".

Se tudo der certo, o Tombense será pressionado desde o primeiro minuto. Terá pouco espaço para jogar. "Aperta, aperta…Não vai ter espaço, não…Ajuda ele, ajuda ele, marca em dupla…"

E, se falamos em guerra, por que não?…."Quero uma blitz, uma blitz, para cima dele"…

É guerra mesmo, reconhece o treinador. "Estamos treinando como se fosse jogo. E vamos jogar como se fosse uma guerra. Uma guerra esportiva, sem pontapé, sem maldade, mas nosso foco é imenso".

Estevam reconhece no adversário um bom toque de bola e não admite que ele se estabeleça no Canindé. "São muito técnicos, trocam muitos passes e vamos dificultar para eles".

A guerra do treinador também é pessoal. Ele sonha em recuperar o status antigo, que lhe permitiu treinar Palmeiras e Botafogo.

É um recomeço após um drama.

Em 2013, o filho, Murilo Eduardo, esteve doente. "Foi uma apendicite supurada que, de uma hora para outra, quase matou o menino. Tinha oito anos e se recuperou".

Estevam recusou convites. E depois, não houve mais convites. Até o meio do Paulistão, quando assumiu e salvou o Rio Claro do rebaixamento. "Agora, estou na Lusa que tem um projeto muito bom de reestruturação fora e dentro de campo", diz.

Para não perder a chance de recomeçar, Estevam precisou ser duro. Tomou atitudes saneadoras, afastando quem o atrapalhava. O primeiro foi Flávio Trevisan, preparador físico de enorme currículo e que veio com ele, do Rio Claro. "Ele me traiu como amigo. Na parte pessoal e não na profissional. Ficou um mês e pedi sua saída".

O segundo foi o goleiro Felipe. "Estreei contra o Juventude e perdemos por 4 a 2. Ele foi muito mal e no jogo seguinte, escalei o Douglas, um garoto, que nos salvou contra o Guarani. Ele se contundiu e, contra o Caxias, mantive o Felipe no banco e escalei o Tom, que havia sido reintegrado".

A pouca paciência com goleiro que falha tem a ver com o ano de 2008, quando, sob o comando de Estevam, a Lusa caiu. O time tinha jogadores como Athirson, Fellype Gabriel e Jonas, mas não havia segurança no gol. Sérgio, ex-Palmeiras, já estava se aposentando. André Luíz e, no final, com Eduardo Gottardi. "Falhamos muito e não quis a repetição agora", diz o treinador, sem se estender.

Felipe seria afastado do elenco, juntamente com Bolívar, o capitão de Estevam, alguns jogos após. Os salários atrasaram e houve uma reunião entre Estevam, os dirigentes e os jogadores. Foi acertado que receberiam uma parte da dívida e o restante seria depositado na terça-feira, após o jogo contra o Brasil, em Pelotas.

Na sexta-feira, antes da viagem, Felipe e Bolívar comandaram um boicote ao treino. "Eles viajaram conosco, mas a preparação para o jogo foi péssima, perdemos um dia de treino. Perdemos por 4 a 1 e na volta, foram afastados."

O comandante está de bem com o grupo. Não vê mais descontentes. Estão todos prontos para a guerra de domingo. E, se tudo der certo, mais duas que garantem o acesso. E, então, mais quatro. Por que não?

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.