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Sem ratos, São Paulo inicia a reconstrução

Menon

28/10/2015 00h32

A busca por metáforas pode ser exaustiva. Há muitos modos para exemplificar a triste situação do gigante. Comecemos por um homem em meio à areia movediça. Quanto mais se mexe, mais afunda. Consegue então se agarrar a um galho que o liga do pântano à margem.

Ou alguém que mergulha de um íngreme penhasco. Afunda, afunda, afunda, até que consegue se estabilizar. Começa, então, a subida rumo à luz, rumo á vida. Que tal um viciado em crack, mais longe da família e da vida a cada nova cachimbada. Até que procura um médico.

O afogado chegará à luz? O galho aguentará o peso do homem na lama? O craqueiro será um cidadão?

O São Paulo escapará da situação em que foi jogado por pessoas que fizeram do clube o seu ganha-pão, por corruptos em busca de alguns trocados a mais, pelo casal Bonnie e Clide, pronto a raspar o último níquel do cofre, por comissões que saem de Criciúma, vão a Goiás, por Jacks e ciniras?

A semana teve dois passos.

O caso Maidana rendeu uma multa de R$ 100 mil, muito pouco quando se podia pensar em muitos outros danos. Até pela proibição de reforços, o que diante da pindaíba atual, poderia até ser algo bem vindo.

O clube tem novo presidente. Um homem de bem, apaixonado pelo clube. Casado com uma mulher que não está interessada em torpes e tenebrosas transações.

O galho foi agarrado. O doente procurou um médico. O afogado encheu os pulmões e começou a movimentar os braços.

Não há certeza de nada. A dívida é enorme. A receita é pequena. O grande ídolo vai se aposentar. O artilheiro volta ao rival. O matador histórico, já com pólvora molhada o ano todo, não fica. O velho estádio não é mais fonte de renda.

A luta será grande. O presente é tenebroso, o futuro não existe, mas há um passado gigante a alentar sonhos de reconstrução. Que 2015 marque a refundação do São Paulo Futebol Clube, um navio, enfim, desinfetado de ratos.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.