Topo

Menon

Mano Menezes e minha resposta a William Tavares, da ESPN

Menon

07/12/2015 09h49

Na sexta-feira, a convite do amigo Conrado Giulietti, participei do Bate Bola da ESPN, apresentado pelo William Tavares. Ao meu lado, estavam o Mario Marra, que havia encontrado dias antes no espetáculo do rouxinol Paulinho da Viola e o Zé Elias, que eu conheço desde quando estreou no Corinthians. "Mario Sérgio lança um garoto de 16 anos", foi o título que Vital Battaglia colocou em minha matéria na a Gazeta Esportiva, falando da nova aposta corintiana.

O William Tavares perguntou quem merecia menos a Libertadores, São Paulo ou Inter. O Marra disse que o São Paulo, por ter errado muito no ano. O Zé Elias disse que nenhum dos dois e que a vaga deveria ficar com o Sport. Eu disse que o Inter merecia menos, pois havia abandonado e desrespeitado do Brasileiro.

Eu disse, então, que havia um erro imputado ao São Paulo e que eu não considero erro, ao contrário de 99% dos jornalistas. Falo da demissão de treinadores. O assunto é tratado como se fosse um crime de lesa Pátria. Tavares disse que me daria um prazo para eu responder quais treinadores não mereciam ser demitidos. Como o programa é dinâmico e havia que se tratar do lixo futebolístico da CBF, o assunto não voltou.

Vou responder aqui.

1) O São Paulo teve cinco técnicos. Mas não houve quatro demissões. Osorio pediu para sair. Milton Cruz assumiu várias vezes. Quem foi demitido? Muricy? Houve um acordo para que ele saísse. Estava esgotado física e mentalmente. Mas, mesmo assim, considero uma demissão. Aidar não queria que ele ficasse. O outro demitido foi Doriva, o profissional errado na hora errada.

2) É tão errado demitir treinador? Por que? Quais os limites de tempo que ele deve ter para trabalhar. Fiquei pensando na resposta e criei um esquema envolvendo passado, presente e futuro.

Presente – Se há a possibilidade de o técnico sair é porque o presente está ruim. O trabalho não está dando resultados. Há uma situação de crise? Como resolver? Olhando para o passado ou para o futuro?

Vamos pensar em Marcelo Oliveira, a demissão mais contestada de 2015. O seu passado recente no Cruzeiro é glorioso. Havia conquistado dois títulos brasileiros seguidos, com grande aproveitamento e grande futebol. E havia feito isso, em 2013 e 2014, após pegar um time que estava quase caindo em 2012.

E o presente de Marcelo Oliveira, qual era? O grupo havia sido desmanchado, sem culpa dele. O Cruzeiro não estava bem no Mineiro e nem na Libertadores, apesar de haver eliminado o São Paulo. Ele não conseguia dar equilíbrio ao time, não conseguia montar uma defesa confiável e o início de Brasileiro era péssimo.

Então, havia um presente totalmente oposto ao passado recente? E o futuro? Analisando friamente, havia indícios de que Marcelo Oliveira poderia dar um novo rumo ao Cruzeiro? O tempo já havia sido consumido? O que mais ele poderia fazer? Qual a nova opção tática que ele poderia implantar? Haveria tempo de reação?

Nada, nada. O Cruzeiro resolveu pela separação. Marcelo Oliveira foi ser feliz no Palmeiras. E o Cruzeiro foi ser feliz com Mano Menezes, após um período ruim com Luxemburgo. E se Marcelo tivesse ficado? Haveria certeza de reação? Ou o clube voltaria a 2012?

Não vi nada de errado na saída de Marcelo. E nem dos outros treinadores. Se dizemos sempre que os treinadores brasileiros são desatualizados, como defender que tenham um emprego vitalício?

E a saída de Mano Menezes agora, após 15 jogos, me deixa convicto que estou certo. O treinador, como ele e Osorio, podem sair a qualquer momento? Podem, é o capitalismo, vão em busca de dinheiro. E não podem ser demitidos? Só o clube tem de pensar em planejamento, mesmo com resultados ruins? O técnico pode cair fora?

E, outra coisa? Já repararam como tem sido comum um treinador ser demitido às dez da manhã e seu sucessor ser apresentado às duas da tarde? Ou seja, treinador negocia com o clube mesmo quando há um colega empregado. Não tem ética.

Planejamento é bom, mas pode ser melhor ainda se houver troca de técnico. Qual seria o planejamento do São Paulo se tivesse mantido Doriva por mais tempo? Estaria na Libertadores?

Então, William, sem ir a fundo, sem analisar caso por caso, não verto uma lágrima sequer pelos professores que ficaram sem emprego.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.