Carretilha e elástico. Tem japonês no futebol, sim senhor
Gilberto Lobato, jornalista e sociólogo, também foi um bom meia esquerda na várzea de São Paulo, nos anos 70. E uma frase sempre o acompanhou: quando alguém fazia uma jogada errada, todos diziam "tem japonês no futebol". E a frase era dita ainda com mais ênfase quando um japonês ou filho de japonês tentava jogar com a garotada.
Muitos anos depois, ele escreveu um livro sobre o assunto. "Busquei algo que não tivesse sido enfocado por ninguém e trouxe um pouco da contribuição dos japoneses para o futebol brasileiro".
Viajou pelo Paraná, foi a Santos, falou com muita gente. Por e-mail, trocou muitas ideias com Tulio Tanaka, que jogou a Copa de 2010 pelo Japão. A maior dificuldade foi falar com Rodrigo Tabata, que está no Catar. A família não quis passar o e-mail, e aceitou apenas repassar algumas perguntas.
O livro fala de Sergio Echigo, Kaneko, Haru e seus três filhos, Harada, Paulinho Kobayashi, Sandro Hiroshi, Fernando Yamada, Pedro Ken, Tulio Tanaka, Rodrigo Tabata, Paulo Nagamura, Koichi Hashimoto e Kazu, que entra como uma exceção, pois é japonês mesmo. Não um descendente, como os outros.
Tem entrevista também com Rivellino. Sim, como Maurício Noriega também escreveu em seu livro "Rivellino", o elástico foi inventado por Sérgio Echigo, companheiro nos aspirantes do Corinthians.
O elástico, um drible de grande plasticidade e que exige enorme habilidade, sofre concorrência da carretilha. Carretilha inventada por Kaneko, ponta direita do Santos.
Fiz uma pequena entrevista com Gilberto Lobato
Por que escolheu esse tema?
Gosto de buscar histórias diferentes. Meu primeiro livro foi sobre um movimento dos office boys, que tomaram as ruas da cidade de São Paulo, em 1979, em plena ditadura. Descobri a contribuição do elástico e da carretilha e também a dificuldade em se dar bem no futebol. Além do preconceito dos companheiros, há também o preconceito familiar. Muitos tiveram de abandonar a carreira para estudar.
Fale sobre os autores do elástico e a carretilha.
São dois lances muito bonitos e feitos por pessoas de estilo muito diferente. O Sérgio Echigo, que vive no Japão, é muito sério. Ele comenta futebol na televisão japonesa. O Rivellino diz, no livro, que ele fazia o elástico com a direita e a canhota e também com a bola em movimento. O Rivellino só conseguia fazer com a bola parada. O Kaneko é mais brincalhão, fizemos a entrevista em Santos, com amigos dele ao lado. Ele disse que uma vez Pelé, conversando com ele, disse: "Kaneko, fiz de tudo no futebol, só faltou a carretilha". E ele respondeu: "Não liga não Pelé, eu fiz a carretilha e não consegui fazer mil gols".
O livro é muito bom e pode ser adquirido diretamente com o autor, através do e-mail gilovas@uol.com.br e também pelo telefone (011) 99112 2463
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