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Diego Souza, o craque pula pula

Menon

28/12/2015 12h28

Diego Souza vai defender o Fluminense em 2016. É o retorno, 11 anos depois, ao clube que o revelou. É o 11º que defende (12º se contarmos o Flu duas vezes) em 14 anos de carreira. No Rio, já defendeu, além de Fla e Flu, o Vasco. Em Minas, Galo e Cruzeiro. Jogou bola em três continentes.

Aos 30 anos, Diego Souza é um típico exemplo do efeito colateral da Lei Pelé, que considero imprescindível e justíssima. Todo mundo tem direito a mudar de emprego, sem se sentir preso à antiga Lei do Passe. Jogador que não aceitava proposta salarial, era afastado do elenco e, se o clube quisesse, poderia acabar com sua carreira.

O que temos agora é o domínio do empresário sobre o jogador. Ou, melhor dizendo, a parceria entre empresário e jogador contra o clube. É algo totalmente desleal. Vamos imaginar um exemplo:

Antes da Lei Pelé – O jogador tem contrato de dois anos. O treinador não gosta de seu futebol e o coloca na reserva. O que resta ao jogador? Treinar, se dedicar e conseguir o posto de titular. Se optar pela malandragem e encostar o corpo, fica sujeito à desumana retaliação do clube.

Após a Lei Pelé. – O jogador tem dois anos de contrato. Depois de seis meses, está na reserva. O empresário procura o clube e diz: Rubinelson quer sair porque é muito injusto ele ser reserva de Vandercleysson. E, olha, se ele não sair agora, daqui a um ano ele pode assinar com outro clube e vocês não vão ganhar nada.

Em vez de lutar pela posição, o Rubinelson assume o chinelo. Continua ganhando bem e em dia e depois, "vai em busca de novos desafios".

A parceria empresário-jogador, além de enfraquecer o clube – que é o depositário da paixão popular – prejudica o futebol. Não há mais ídolos. Quem vai gostar de um jogador que daqui a um ano está em outro clube?

A paixão foi substituída por relações comerciais. Nada mais. Quem é ídolo, atualmente? Ceni e Marcos estão aposentados. Lugano é ídolo ausente. Elias é corintiano. Tem relação afetiva com o clube. Recusou-se a trocar Itaquera pelo Flamengo. Quem mais? Robinho?

Não peço o fim da Lei Pelé. Ela é um avanço total. Não peço que o jogador seja prisioneiro de uma paixão e pague para jogar em seu clube de coração, por mais que admire Tevez e Milito que fizeram isso pelo Boca e pelo Racing.

Apenas constato, sem nenhuma nostalgia, que é muito chato um futebol sem ídolos. Qual a graça de enfrentar pai e mãe, de destruir namoro e amizade, de brigar com amigos para provar que Rubinelson é mais atacante que Vandercleisson, se no semestre que vem Rubinelson já deixou o nosso clube e veste, todo pimpão e garboso, o uniforme do rival.

E ainda tenho de imitar o ex-presidente e gritar: "esqueça tudo o que eu falei, sempre gostei do Vandercleisson".

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.