Lugano é um zagueiro ou é um símbolo, um mito, um Deus?
Lugano voltará a jogar no São Paulo. É uma percepção que vai crescendo, que vai tomando forma. É o caminho natural das coisas, um ídolo voltar ao lugar que ama e onde é amado.
A volta ainda não ocorreu por um simples motivo: a diretoria nunca quis.
Se quisesse, ele estaria no clube há pelo menos seis meses, quando foi para o Cerro Porteño. Ou o Cerro teria dinheiro para competir com o São Paulo? Ou Lugano teria preferido o Cerro ao São Paulo?
Se quisesse, estaria aqui. E Ataíde foi claro ao dizer que não queria. Repetiu várias vezes que preferia jogadores com menos de 30 anos. É uma tese. Não deu certo quando contratou Dória por apenas alguns meses. Jogador jovem, pressupõe-se, vai ficar no clube por algum tempo. Vai render dinheiro.
Osorio também não quis. Preferia um zagueiro canhoto. E se apaixonou pelo futebol de Luiz Eduardo. Gostaria de leva-lo ao México. E Luiz Eduardo pode continuar no clube, após sua recuperação física.
Se a diretoria não quer – e não quer mesmo – porque não diz que não quer? E por que, muito provavelmente, contratará o zagueiro.
O motivo é simples. O zagueiro é Lugano, que significa muito para o clube, para a instituição e para a torcida. Lugano é tão grande para o São Paulo, que Osorio foi a Assunção explicar a ele, olho no olho, porque preferia um zurdo.
Depois da reação apaixonada da torcida na despedida de Ceni, a situação da diretoria ficou ainda mais difícil. Como manter o não a Lugano. Como negar um pedido da torcida? Pedido gritado a 17 pulmões?
E a diretoria do São Paulo tem razão em algumas coisas.
1) Dinheiro é curto e Lugano é caro. Custa em torno de R$ 300 mil mensais. Ou R$ 7,2 milhões por dois anos de contrato. Tudo o que se arrecadou com a venda de Maicon
2) Lugano ressurgiu no Cerro, mas vinha de fracassos contínuos, desde que deixou – como um Deus – a Turquia. Lembremos da Copa do Mundo. Foi titular no primeiro jogo, contundiu-se e viu surgir Josema Gimezez, a revelação de 19 anos. Perdeu o lugar. O que não é um demérito. Apostando na ascensão de Josema, Simeone liberou Miranda do Atlético de Madrid.
3) Depois da Copa, Lugano, que é um homem nobre e consciente, procurou Tabarez e disse que não queria mais ser capitão da Celeste. Lógico, se não é titular, como será capitão? Tabarez aceitou e não o chamou mais.
4) A diretoria tem certeza que o homem Lugano só faz bem a um grupo. Mas, e o jogador? Lugano é um zagueiro ainda? Ou é apenas história, apenas um mito?
5) Seria muito duro ver a torcida descontente com Lugano. E ela ficaria, caso o uruguaio errasse. A mão que aplaude hoje, apedrejaria amanhã.
6) Lugano brecaria a ascensão de Lucão e Lyanco? Bem, Lucão já teve muitas chances para mostrar um futebol que brecasse de vez especulações sobre Lugano.
São motivos que são levados em conta. E devem ser. Dirigente não é torcedor.
Mas, eu duvido que um pesadelo não assalte a mente e o coração dos dirigentes.
Imaginem Cerro Porteño e São Paulo decidindo uma fase da Libertadores no Morumbi. E Lugano sendo o capitão do Cerro Porteño? E…paremos por aqui.
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