São Silvestre resiste às Organizações Globo

A japonesa loira eu não vi. Mas havia mulher maravilha a dar com pau. Uma, duas, três, cem….Algumas eram homens. Chiquinha, Chaves, Forrest Gump, Homem de Ferro, Fred Flinstone, gente magra e gorda…Um rapaz com uma perna só e muleta. O mais aplaudido de todos.

A tocha olímpica e o grito por Mariana. Fora Dilma, Fica Dilma. São Paulo, Santa Cruz, Paysandu, vai, Corinthians, Pirassununga, Taubaté. Eu amo a Bolívia. Hulk, She Ra, toda no couro, vai que dá, não desiste não, só faltam dez. Quilômetros.

Chapolin, Florinda, Seu Madruga e quatro Capitãs Américas. Um Peter Pan que parecia um elfo, o velho com a camisa de Cuba grita Viva a Revolução e o jovem, fantasiado de Pixuleco, nada fala. Coraçõezinhos, pedido de aplausos, feliz ano novo. Aviãozinho, trenzinho e a mãe que balança o berço do filho.

A mulher filma e ensina "guarda forças que a Brigadeiro vem aí". Grita para todos, como um disco arranhado. Como se alguém fosse ouvir. Cruzeiro, Palmeiras, Santos tatuado na pele e a bela camisa da Lusa.

O mar de gente não para. Visto assim de perto, parece um dragão chinês, vindo, vindo, vindo e nunca indo.

A São Silvestre resiste, mesmo empacotada na grade global. Ainda é uma festa popular, apesar de desprestigiada e mau mostrada.

As Organizações Globo querem transforma-la em apenas mais uma das centenas de corridas de rua que existem no ano.

Mas ela é mais. Ela resiste. Ela é do povo ainda.

FELIZ ANO NOVO PARA TODOS. TODOS, MESMO OS QUE NÃO CONSEGUEM ENTENDER QUE TRADIÇÃO É TRADIÇÃO.