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Zidane, gênio atormentado, tem minha torcida e agradecimento

Menon

04/01/2016 17h36

Zinédine Yazid Zidane é o novo treinador do Real Madrid. Vou torcer muito para que ele tenha

Gol de Zidane na Liga de Campeões de 2002, contra o Bayern

Gol de Zidane na Liga de Campeões de 2002, contra o Bayern

sucesso enorme na carreira. E, que tenha ao menos, a metade do brilho que alcançou como jogador. O sucesso fará bem a ele. O brilho, fará bem a nós todos, que gostamos de futebol.

É necessário agradecer sempre aos gênios da bola. Eles nos dão tudo, merecem o reconhecimento dos pobres e terrenos mortais.

Agradeço a Zidane por me permitir ver a maior atuação individual de um jogador de futebol. Ao vivo, pertinho. Foi na Alemanha em 2006. Eu cobria a Argentina, pelo consórcio Estadão-Jornal da Tarde. Estava em Berlim e vi a Argentina ser eliminada pela Alemanha. Fiz o material da eliminação, me despedi dos amigos e tomei o ônibus para Munique.

Ali, no dia seguinte, o Brasil enfrentaria a França. A  França de Zidane. Mesmo assim, estava confiante. Imaginava um pacote muito agradável: o Brasil eliminaria a França e eu veria a última partida do argelino que encantava o mundo com a camisa da França.

A viagem, às pressas, valeu a pena, mesmo com o pacote furado. O Brasil não se classificou. E não foi a última partida de Zidane.

Foi, ao contrário, uma partida belíssima. Tomou conta do jogo, correu muito, distribuiu passes, deu chapéus e comandou a vitória com gol de Henry. No intervalo do jogo, algo me irritou muito. Cicinho e Robinho, reservas do Brasil, e novos companheiros de Zidane no Real Madrid, correram até ele e ficaram conversando. Pareciam poodles abanando o rabino para o novo dano. Zidane os tratou friamente e foi para o vestiário.

Como ganhar um jogo se você idolatra o rival?
Mas, penso hoje, como não idolatrar Zidane?

Ele seguiu na Copa e chegou à final, contra a Itália. Logo no começo, Zidane cobrou um pênalti ao estilo Djalminha, a palomita, que voou mansamente, bateu no travessão e se transformou no primeiro gol do jogo.

Só um maluco cobra um penalti assim em uma final de Copa?

Só um gênio.

zidane2E o final, todos sabem. O gênio deu lugar ao monstro. Dr Jekyll e Mr Hide. Zidane trocou passes perfeitos por uma cabeçada no peito de Materazzi. O italiano teria dito que a irmã de Zidane era prostituta. E seria verdade.

Então, se for verdade, o gênio trocou a glória pela vingança da honra. A racionalidade deu lugar ao ódio. E os preconceituosos disseram que o argelino tomou conta do francês.

Um gênio conturbado.

Pensemos no que viveu o imigrante argelino. Teria sido tranquila a sua inserção cultural em outro país, em outro mundo?

Agora, eu espero pelo melhor.

Zidane é gênio. Que seja genial.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.