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A ingrata batalha de Lugano, o craque da torcida

Menon

05/01/2016 13h34

Diego Lugano chega ao São Paulo com uma dura missão: provar que é um zagueiro confiável e não um D. Sebastião que volta para trazer, consigo, dias gloriosos que habitam o passado. Precisa mostrar que é um homem e não um mito infalível.

Em 2003, desconhecido, Lugano chegou ao clube como o "jogador do presidente". Tinha a seu favor apenas o aval de Marcelo Portugal Gouvêa. O resto da história, todos sabem: superou suas limitações, firmou-se como titular e como ídolo.

Virou sinônimo de raça.

Agora, chega com o aval da torcida. A diretoria não o queria. Se quisesse, teria trazido no semestre passado. Ou não tinha dinheiro para competir com o Cerro? Ou Lugano preferia o Cerro? E Lugano é tão querido, que a culpa ficou com Osorio. Mesmo que o colombiano não quisesse, a diretoria poderia ter trazido.

Não queria e tinha suas razões para não querer.

Lugano é caro. Se assinar por dois anos de contrato, custará os R$ 7 milhões arrecadados com a venda de Maicon.

Lugano é velho, tem já 35 anos. O que atrapalha muito o seu estilo de jogo. Já era lento antes…

Lugano tem passado por anos sem brilho. Suécia e Paraguai não são exemplos de países com campeonatos competitivos.

Mas a torcida o quer assim mesmo. Interessante notar que a torcida que o pede alucinadamente agora não teve o mesmo comportamento passional em 2006, quando ele saiu.

Os torcedores – na minha conta de twitter, pelo menos – indicam mais a saudade do mito que o jogador. Os argumentos são os seguintes: 1) Com ele, o time volta diferente no intervalo, caso esteja perdendo. 2) Com ele, o Ganso vai correr. 3) Com ele, o time vai ter vergonha na cara. 4) Com ele, não tem amarelão. 5) Ele vai ensinar nossos jovens zagueiros. 6) Vai agregar no dia a dia e no vestiário.

Os poucos que falam em condição técnica repetem o mantra: "pior que Edson Silva, Luiz Eduardo e Lucão, ele não é".

Se Lugano vier apenas porque é um mito, um homem corajoso e que honra a camisa, não seria manter Rogério Ceni? Por que Ceni não conseguiu fazer Ganso correr? Por que não conseguiu fazer Lucão jogar bem muitas partidas seguidas?

É dura a luta de Lugano. Quanto tempo durará o aval da torcida? Resistirá a quantos erros?

Não é o tempo que dirá. É Diego Alfredo Lugano Moreno, em sua dura luta para manter intacta a imagem que deixou. E que pouca gente tem igual.

É dura, mas ele é grande.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.