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Andrés truculento. E Renato Augusto merece respeito?

Menon

06/01/2016 10h46

Andrés Sanchez deixou o cargo de superintendente do Corinthians. Vai articular sua candidatura à presidência da CBF. E, em sua última entrevista, mostrou a velha truculência. Fica no ar como seria sua gestão à frente do futebol brasileiro.

A vítima foi Pato. Andrés está irritado com o jogador que não aceita se transferir para o Tianjin Quanjian (parece nome de dupla caipira chinesa) que ofereceu R$ 40 milhões pelo jogador. O clube ficaria com R$ 24 milhões.

"Se tiver proposta, ele tem de aceitar". Tem? Quem falou? Onde está escrito?

"Ele não pode enrolar um ano para sair de graça". Não pode? Quem disse que vai enrolar? Pato pode estar pensando alto, em um bom ano no Corinthians para voltar à seleção (algo improvável), ou para um time da Europa.

É o direito dele.

E aí, vem a pior frase de Andrés. "Ele vai sofrer, não sei se a torcia engole Pato ou Ganso".

Andrés está jogando Pato aos Gaviões. Ele está incitando a torcida a tornar a vida do jogador um inferno. E se o recado for mal entendido? E se houver violência?

E, em sua frase incitando a violência, Andrés mostra que o Corinthians errou feio. Quem contratou Pato não sabia que ele não tem a "cara" do Corinthians? Culpe quem contratou.

A solução é simples: manda para a China e vamos recuperar o dinheiro.

Ou seja, democracia zero.

Pato, aliás, pode ser uma boa opção para o Corinthians, que perdeu Ralf, Jadson e Renato Augusto. Pode ser um jogador importante na reconstrução do time, trabalho duro a ser enfrentado por Tite. Poderia ser, não pode mais. Graças ao truculento Andrés.

E já que estamos na China, o que falar de Renato Augusto? O melhor jogador do Brasileiro vai se enterrar no país que já foi de Mao? Que falta de ambição! Está recuperado fisicamente, tem 27 anos, Dunga o convocou, tem a vida pela frente, pode ser um dos grandes ídolos da história do Corinthians e vai para a China?

Não me cabe julgar sua decisão, fora do aspecto futebolístico. Reconheço que é muito difícil, quase impossível, algum jogador brasileiro dizer não a um salário de R$ 2 milhões mensais. São R$ 6,7 mil por dia, R$2,8 mil por hora, R$47 reais por minuto.

Ganhar na megassena todo mês.

Então, não sei da vida de Renato Augusto, não sei se tem investimentos, se tem dívidas, se tem família para cuidar…. Nada disso é da minha conta.

O que eu sei é que, futebolisticamente falando, não dá para respeitar jogador que atua na China. Por melhor que seja, vai jogar contra quem? Vai desarmar quem? Vai ser desarmado por quem? Vai driblar Chiang Kai Sheck? Vai fazer gols em quem?

Renato Augusto deixou de ser ídolo corintiano titular na seleção para ser milionário.

Passou a ser um globe-trotter, um imperador na terra de cegos.

Direito dele.

Assim, como o de Pato, de sonhar grande.

A lógica indicaria o contrário. Renato Augusto, enfim com status de craque, sonhar com o título mundial pela seleção e pelo Corinthians. Pato, o craque que não se concretiza nunca, na China. Eles reverteram o senso comum. Não cabe a Andrés mudar isso com ameaças truculentas

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.