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Contra o Dragão Chinês, garotos da base e da América do Sul

Menon

08/01/2016 18h07

No começo do ano passado, li um comentário de jornalistas uruguaio: "Lugano, Obdulio e Nasazzi, podem descansar em paz. Celeste tem Nandez". Quem? Nahitan Nandez, então capitão da Celeste sub-20 que disputava o sul-americano.

Capitão da celeste sub-20, Nahitan Nandez

Capitão da celeste sub-20, Nahitan Nandez

Exagero, eu pensei. Um ano depois, ele estreou na Celeste que disputa vaga para a Copa-18. É considerado por Diego Forlan, seu companheiro de Peñarol, o substituto de Egídio Arevalo Rios, já com 34 anos.

O mesmo Diego Forlán, em entrevista na semana passada citou Carlos Sánchez, do River, como melhor uruguaio do ano.

E Mauro Arambarri, meia do Defensor, como melhor uruguaio atuando no país.

Quem?

Carlos Sanchez jogou no Liverpool do Uruguai de 2003 a 2009. Ou seja, dos 19 aos 25 anos. Não foi notado por ninguém. Depois, Godoy Cruz. Só então, chegou no River Plate.

Arambarri, marcado por Lucão

Arambarri, marcado por Lucão

Mauro Arambarri e Nahitan Nandez são de 95. Tem 20 anos. Arambarri é habilidoso e Nandez, cão de guarda. Dariam certo no Brasil? Sim ou não, como tantos outros, vale muito uma aposta.

Este é o tipo de jogador que os clubes brasileiros deveriam ficar de olho. Como o Corinthians fez com Carlitos Tevez. Um acerto espetacular. Como errou com Defederico, que veio do Huracán. Bom mesmo era Pastore.

Os clubes brasileiros, com todas as suas dificuldades financeiras, são mais fortes que pequenos clubes uruguaios, argentinos, colombianos. São mais fortes que os grandes também. Não adianta tentar contratar Carlos Sánchez do River. Mas e o Carlos Sánchez do Liverpool? Do Godoy Cruz?

Se a China vem aqui e leva medalhões, é preciso buscar reposição na América do Sul.

E na base, é lógico.

No campo do Nacional, onde jogavam Guaicurus e São Raimundo, eu estava conversando com o querido amigo Pedro Venâncio, a quem eu chamo de Pedro Amâncio, em homenagem a outro velho amigo. O Pedro ( @pedrovenancio) é especializado em base. Para ele, o grande problema da base brasileira é a transição.

Não há campeonatos sub-23. Só agora, a CBF passou a fazer a Copa do Brasil sub-20.

O jogador completa 20 anos e não tem mais onde jogar. Ou sobe ou fica sem jogar. E, se subir, não há garantia de sucesso. Muitos chegam na idade do corte e ficam sem clubes. Desempregados aos 20 anos.

Os clubes deveriam estar atentos à esta transição. Emprestar os garotos para clubes menores. Mas não adianta empresta. Precisa haver um funcionário do clube acompanhando a evolução. Alguém para saber qual a porcentagem de acerto no passe, o aproveitamento do drible, a parte física… Cuidar do patrimônio.

Com garotos bem acompanhados, com garotos da América do Sul e com alguma contratação pontual, fica mais fácil enfrentar o Dragão Chinês.

Pelo menos, assim, é mais revigorante.

O quadro atual é desolador. Vende-se para a Europa garotos de 20 anos e craques de 24, 25, 27. E de lá, traz-se veteranos em final de carreira. Gente que já deu o que tina que dar. Gente que pode até ter um final de carreira digno, pode ajudar um pouco, mas com aquela sensação muito chata de déjavu.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.